Mais três barragens podem ruir a qualquer momento

Rosiane Cunha
28/03/2019 às 00:33.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:59
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

A Vale admitiu nessa quarta-feira (27) o risco real de rompimento de mais três barragens em Minas, ao elevar de 2 para 3 o nível de alerta das estruturas B3/B4 da mina Mar Azul, em Macacos, na Grande BH, e de Forquilha I e III, da mina Fábrica, em Ouro Preto. Na última sexta-feira, sirenes tocaram no município de Barão de Cocais, levando pânico à população, após o alerta máximo também na barragem Sul Superior de Gongo Soco.

Juntos, os quatro reservatórios que podem se romper a qualquer momento acumulam 43 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. O volume equivale a quase quatro barragens como a da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, que ruiu em 25 de janeiro, matando 216 pessoas até agora e deixando 88 desaparecidas. Também é pouco menor que a quantidade de lama que vazou do reservatório de Fundão, em Mariana, em 2015. Na época, a destruição causada por 50 milhões de metros cúbicos de resíduos foi considerada a maior tragédia ambiental do mundo. Houve 19 mortes.

Ao anunciar, nessa quarta, a elevação do risco de colapso das estruturas em Macacos e Ouro Preto para o maior patamar possível, a Vale informou que não seriam necessárias evacuações. Alegou que agiu preventivamente, após auditores independentes informarem que não emitiriam Declarações de Condição de Estabilidade dessas barragens.

Por medida de segurança, as sirenes das Zonas de Autossalvamento (ZAS) das estruturas seriam acionadas ontem, seguindo o protocolo do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM). Os moradores dessas áreas já haviam sido tirados de casa em fevereiro, quando o nível de alerta para rompimento foi elevado de 1 para 2. 

A orientação agora é para que a população mantenha a rotina, “permanecendo atenta aos chamados de emergência”, informou a empresa. O nível 3 indica risco iminente de rompimento das barragens ou o início do colapso da estrutura. 

Ontem, a sirene tocou em Macacos às 22h30. O distrito, que vive basicamente do turismo, viu os visitantes desaparecerem desde que a possibilidade de ruptura da barragem foi levantada em 16 de fevereiro. Como o Hoje em Dia mostrou na edição de ontem, pousadas e restaurantes estão às moscas e já acontecem demissões. 

A Vale informou que continua adotando medidas para aumentar a condição de segurança das barragens. 

Barão de Cocais

Na última sexta-feira, sirenes voltaram a tocar em Barão de Cocais, após o nível da barragem de Gongo Soco atingir o nível máximo, ao passar de 2 para 3. O risco de rompimento deixou a população em pânico no município.

Em fevereiro deste ano, a Agência Nacional de Mineração (ANM) já havia determinado a evacuação da área a jusante da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco depois de ser informada pela Vale que a empresa estaria dando início ao nível 2 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração. 

A ação teve início na madrugada de 8 de fevereiro e atingiu cerca de 500 pessoas nas comunidades de Socorro, Tabuleiros e Piteiras, todas na cidade de Barão de Cocais, distante 100 quilômetros da capital mineira.

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