Mal súbito, falha mecânica e manobra de outro veículo são investigados em queda de ônibus

Juliana Baeta e Malú Damázio
29/11/2018 às 21:46.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:19
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Mal súbito do motorista, falha mecânica e manobra irregular de outro veículo. Essas são as três linhas de investigação trabalhadas pela Polícia Civil na tentativa de esclarecer o que causou a queda de um coletivo da linha 001 (Parque Renascer-Cidade Industrial) de um viaduto da avenida João César de Oliveira, em Contagem, na Grande BH, ontem. Vinte e duas pessoas ficaram feridas, cinco delas com gravidade. Em janeiro deste ano, outro ônibus também caiu de uma trincheira, na mesma cidade. 

Imagens de câmeras da região e do ônibus serão analisadas. Um dos vídeos mostra, inclusive, o momento do acidente. Desgovernado, o coletivo atingiu a mureta de proteção do elevado e despencou de uma altura de oito metros. 

Com o impacto, bancos foram arrancados e houve destruição da frente do veículo. Seis pessoas tiveram que ser retiradas das ferragens pelos Bombeiros. As vítimas foram socorridas nos hospitais Municipal e Santa Rita, em Contagem, e Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, na capital. Nenhuma delas corre risco de morrer.

pelas 46 linhas em Contagem, conforme a Transcon

Agente de bordo

O veículo circulava sem cobrador. Mesmo ainda sem a confirmação da causa do desastre, familiares dos feridos pedem apuração das condições de trabalho dos motoristas do sistema de transporte. No município, a dispensa do trocador foi autorizada em 1º de janeiro de 2016. Segundo a Transcon, que gerencia o sistema, são 46 linhas circulando sem o profissional.

A ausência do agente de bordo sobrecarregou os condutores, afirma o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Contagem (Sittracon), Santos Mendes. “A dupla função é desgastante. Tentamos voltar com os cobradores, sem sucesso”.

Ele, que atuou por 13 anos como motorista de coletivo no município até 2016, quando foi licenciado para assumir a entidade, contou que o profissional envolvido no acidente de ontem era bem tranquilo. “O filho dele disse que o pai não tinha problemas de saúde. Estamos sem entender o que realmente pode ter acontecido”, frisou o sindicalista.

“Nós vemos o desgaste dos motoristas. Eles não sabem se dirigem ou se cobram passagem”, disse Nivaldo Liberato da Costa, de 51 anos, irmão de Ênio das Neves, de 56, uma das vítimas do acidente.

Esclarecimentos

A expectativa é a de que o depoimento do condutor da linha 001 ajude a esclarecer o acidente. Com lesões graves, ele está internado no Hospital Municipal de Contagem e deve ser ouvido após a alta médica, informou o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram).

A busca por informações sobre os parentes movimentou as unidades de saúde. Os ocupantes do veículo sofreram ferimentos diversos, como fratura exposta, de quadril e face, dentre outros. Alguns passaram por cirurgias.

Getúlio Cordeiro da Silva, de 63, correu para o hospital quando soube que a sobrinha Viviane Melo Teixeira, de 40, grávida de cinco meses, estava no coletivo. “Foi um desespero. Mas está tudo bem com ela e com o bebê”, disse.

Advogado da Viação Transmoreira, responsável pela linha 001, Thiago Moreira afirmou que estão apurando o ocorrido e “prestando toda a assistência e o socorro às vítimas”. 

O viaduto foi vistoriado e, conforme a Defesa Civil de Contagem, não teve a estrutura comprometida.

(Colaborou Renata Galdino)

  

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