Marcação do júri da chacina de Unaí só sairá no fim do ano

Alessandra Mendes - Do Hoje em Dia
29/01/2013 às 07:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:21
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

A marcação do julgamento da chacina de Unaí deve sair apenas no fim do ano, e não mais no mês que vem, como foi cogitado e comemorado pelo Ministério Público Federal (MPF) e parentes das vítimas. A novela em que se transformou a espera pela solução do caso, que completou nove anos na última segunda-feira (28), ganhou um novo capítulo.

O julgamento deve ficar a cargo da Vara Federal de Unaí, seguindo decisão, tomada na semana passada, pela juíza responsável pelo processo. A partir de agora, o MPF luta para trazer o caso de volta a BH.

A justificativa usada para a remessa dos autos para a cidade onde o crime ocorreu ainda é desconhecida, o que não impediu a enxurrada de críticas de várias entidades e órgãos ligados ao caso. “É um retrocesso, além de implicar na possível nulidade do julgamento naquele município. Um júri fora de BH será nulo”, afirma a subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge.

O problema, segundo ela, está na influência que os réus exercem na região, comprometendo o resultado. Complicador que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, deputado Domingos Dutra (PT), resume em um ditado popular. “Seria o mesmo que colocar a galinha na boca da raposa”.
 
Foro privilegiado

Outro temor é que um dos réus, Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí e suspeito de ser um dos mandantes do crime, consiga novamente foro privilegiado antes do julgamento. Ele deve se candidatar a deputado estadual em 2014. “É uma verdadeira bofetada na cara da sociedade”, alega o presidente da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas, José Augusto Freitas.

O atraso na marcação do júri gerou insatisfação até no ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, que esteve na última segunda-feira (28) em Belo Horizonte. “Pegou todos de surpresa. Agora é uma questão de a gente entender porque a juíza declinou; essas razões ainda não estão claras e esperarmos que a Justiça consiga dar as respostas que a sociedade espera há anos”, disse.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, Antério Mânica afirmou que prefere o júri em Unaí. “Oitenta por cento do povo o ama e outros 20% o temem. Ninguém seria capaz de condená-lo”, garante Helba da Silva, viúva de um dos fiscais assassinados.

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