(Álbum de família )
Ao ter o primeiro contato com o homem suspeito de matar a facadas uma menina de apenas 5 anos em Betim, o major Paulo Roberto, que atendeu à ocorrência, perguntou a ele se sabia o que havia feito. O rapaz de 25 anos reconheceu que um crime foi cometido, mas não conseguiu dar uma explicação sensata para o ato. “Sei, peço perdão. Foi sem querer. Matei por ordens do patrão”, disse o rapaz aos policiais. O "patrão" seria o diabo, conforme explicado pelo rapaz.
Na manhã desta quarta-feira (30), no bairro Vila Cristina, o rapaz, que segundo a família tem esquizofrenia, saiu de casa com uma faca escondida, andou dois quarteirões e atacou friamente Ieda Izabella Manoel Peres, de apenas 5 anos, que era levada para uma escola infantil pela babá. Enquanto desferia golpes no pescoço e na nuca da menina, o jovem dava risadas, segundo testemunhas.
Diante do estado de perturbação mental do rapaz, os policiais foram até a casa dele para levantar informações sobre seu histórico mental.
A mãe do suspeito, que ficou bastante abalada ao saber do crime, foi quem confirmou o diagnóstico de esquizofrenia. “A mãe contou que ele havia sido preso por tráfico de drogas e ficou no presídio por 11 meses. Enquanto estava detido, em determinado momento, ele teria dado risada de uma situação e um colega detento acreditou que ele estava zombando. O filho dela teria apanhado por causa disso e ela levou os papéis que mostram o diagnóstico de esquizofrenia ao presídio, para que os outros detentos entendessem a situação”, relatou o major.
Segundo relato da mãe do suspeito, na terça-feira (29) ele teve uma consulta com psiquiatra porque a medicação não estava sendo eficiente. Como os surtos estavam mais frequentes e violentos, a dose da medicação teria sido aumentada pelo médico, mas o jovem não tomou os remédios apesar dos pedidos da família, segundo a mãe.
Medo em família
A mãe ainda contou que havia escondido todas as facas e objetos que pudessem ser transformados em armas, porque eles mesmos ficavam com medo do comportamento do suspeito em casa, num momento de surto. Mesmo assim, ele conseguiu encontrar uma faca, que foi usada para matar a menina.
“Ele passou boa parte da noite fazendo uso de crack, acordou hoje mais cedo do que de costume e ficou perambulando pelo quintal, falando sozinho, dizendo que estava recebendo ordens do patrão para que matasse uma criança”, disse o major Paulo Roberto, a partir do relato feito pela mãe. “Antes que ele saísse de casa, a mãe ainda teria pedido aos prantos que ele não fizesse mal a ninguém”, contou o major..
De acordo com o policial, a morte da menina deixou toda a comunidade do bairro Vila Cristina bastante emocionada, especialmente porque os pais de Ieda são moradores antigos da região. “Não há histórico de um crime desse tipo em nossa área, é uma situação bastante chocante”, disse o major.
O major reforça que o trabalho rápido da viatura que patrulhava a região foi importante para garantir a integridade física do jovem sob surto psicótico. Quando os policiais chegaram ao local, o suspeito estava ao chão, com ferimentos provocados por moradores da região. Ele quase foi linchado e precisou ser atendido em uma UPA antes de ser encaminhado à delegacia.