Medo da febre maculosa esvazia Parque Ecológico da Pampulha

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
13/09/2016 às 20:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:49
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

O visitante que chega ao Parque Ecológico da Pampulha recebe, logo na entrada, um folheto com explicações e cuidados relacionados à febre maculosa. A prática se tornou ainda mais frequente após a confirmação da morte de um menino de 10 anos em BH e que teria sido infectado após uma visita ao local. A prefeitura preferiu manter o funcionamento normal do espaço e aposta na intensificação de medidas de segurança, como a dedetização da área verde, capina e irrigação que ajudam a conter o avanço do carrapato-estrela, transmissor da doença. Mas o temor da população acabou por esvaziar o parque antes mesmo do anúncio, na segunda-feira, da causa da morte do garoto.

Durante o último fim de semana, o Parque Ecológico recebeu exatos 865 visitantes. De acordo com a administração da área verde, a média de público para o mesmo período (sábado e domingo) é de 6 mil a 8 mil pessoas. No mês de julho e agosto foram, respectivamente, 88.665 e 48.286 visitantes. A estimativa feita para setembro é que o número não ultrapasse 5 mil frequentadores.

“A orientação que passamos para todos é que aproveitem o parque, mas tomando os devidos cuidados. Quanto ao risco, não há como opinar, trabalho apenas com as estatísticas que é apenas o quarto caso em dez anos. Apesar disso, dá para ver nitidamente que o movimento caiu. Durante a semana, então, não tem quase ninguém”, afirma o diretor de Educação Ambiental do parque, Cláudio Maciel.

A reportagem do Hoje em Dia esteve na tarde de ontem no local por mais de duas horas e registrou a presença de apenas cinco pessoas. Os poucos frequentadores da área verde, muito disputada até então até mesmo durante a semana, revelam o medo após a confirmação de que o garoto Thales Martins Cruz morreu vítima de febre maculosa contraída da picada de um carrapato no espaço público.Cristiano MachadoALERTA – Placas espalhadas pelo Parque Ecológico avisam sobre a importância de ser feita uma checagem periódica com relação à presença do carrapato

Temor

“Não trago mais a minha filha aqui de jeito nenhum. Apesar de ter uma área como essa ao lado de casa, não posso usufruir disso com a minha família por causa do risco. As autoridades precisam tomar uma providência porque a população é que sempre paga o preço”, reclama o empresário Tiago Henrique Mendes, de 31 anos, morador do bairro Bandeirantes, na região.

Também preocupada com a situação, a dona de casa Conceição Fátima Rezende, de 59 anos, não tirou os olhos do neto de 8 anos nem por um minuto. “Viemos passear na Pampulha para conhecer, e ele quis andar de bicicleta. Fico com medo, por isso orientei que ele fique apenas na parte que não tem grama. Mas já avisei que não vamos voltar tão cedo”, garantiu a avó de Miguel.

Um trabalho de dedetização de carrapatos foi realizado em algumas áreas do parque na tarde de ontem por funcionários do local. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, agentes da Vigilância Sanitária devem fazer um monitoramento dos carrapatos no espaço ainda neste mês. As últimas ações foram feitas no fim do ano passado e em abril deste ano.

Nesse último monitoramento foram encontrados carrapatos em quatro pontos do parque, sendo três em áreas onde não é permitida a entrada de visitantes e um nos fundos do local, no espaço limite para visitação. Ao todo, foram localizados 300 carrapatos, a grande maioria na parte exterior da unidade. De acordo com a prefeitura, não é realizado exame nos parasitas para checar se estão ou não infectados com a bactéria da febre maculosa.

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