R$ 18 bi bloqueados

Megaoperação mira 'Família Teófilo Otoni', 'braço' da facção Comando Vermelho em Minas

Além do território mineiro, foram cumpridos mandados no Amazonas, Rio de Janeiro e Espírito Santo

Do HOJE EM DIA
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25/09/2025 às 14:05.
Atualizado em 25/09/2025 às 14:37
Mais de 120 mandados foram cumpridos pela operação nesta quinta-feira (5) (Reprodução/Vídeo)

Mais de 120 mandados foram cumpridos pela operação nesta quinta-feira (5) (Reprodução/Vídeo)

Uma organização criminosa conhecida como "Família Teófilo Otoni" (FTO), apontada por investigações como "braço" da facção Comando Vermelho (CV) em Minas, foi alvo de megaoperação nesta quinta-feira (25). Mais de 120 mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Teófilo Otoni, alcançando outros três estados. A operação resultou no bloqueio de R$ 18 bilhões em bens ligados aos suspeitos. 

A operação Custo Fidelis foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e Polícia Militar. Conforme o MP, o objetivo principal é frear a expansão territorial das facções, que usam de extrema violência extrema para movimentar cifras milionárias ligados ao tráfico de drogas.

Veja balanço da operação:

  • 83 ordens de bloqueios no valor de R$ 223,5 milhões em contas bancárias e criptoativos, totalizando mais de R$ 18 bilhões;
  • 48 mandados de prisão;
  • 84 mandados de busca e apreensão em Minas, Amazonas, Rio de Janeiro e Espírito Santo;
  • Apreensão de 8 veículos;
  • Indisponibilidade de um imóvel de alto padrão na Praia do Patacho, em Aagoas, avaliado em R$ 3,9 milhões.

Segundo o MP, as investigações revelaram que a FTO opera como uma empresa do crime, com núcleos de logística, finanças e ataques armados. Entre as táticas utilizadas, destaca-se o uso de fuzis e uniformes policiais em execuções de rivais, aumentando a letalidade dos ataques e gerando intimidação à população.

Em menos de um mês, conforme a investigação, a organização adquiriu R$ 8,4 milhões em drogas, com fornecedores do CV que operam diretamente do Amazonas. A lavagem de dinheiro era sustentada por empresas de fachada nos setores de gás liquefeito, internet, câmbio e, principalmente, comércio atacadista de pescados.

Segundo a promotora Ana Bárbara Canedo Oliveira, do Gaeco de Governador Valadares, a operação revelou que o Comando Vermelho estruturou um verdadeiro serviço de atacado do tráfico, abastecendo facções em diversos estados.

“Empresas amazonenses de fachada funcionavam como hubs nacionais de aquisição de drogas, recebendo valores de Goiás, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo, Acre, e depois faziam rápidas evasões de valores por meio de compras de criptoativos” explica.

Segundo o MP, o "acompanhamento meticuloso da FTO em território mineiro" tem sido prioridade junto com a PM, resultando na apreensão de 26 armas, dentre elas 4 fuzis e 1 calibre 12, além de 23 presos e além de diversas apreensões de drogas de variados tipos. "A título de exemplo em uma única ocorrência houve a apreensão de 300 quilos de maconha", informou o Ministério Público.

Depósitos pulverizados 

As investigações apontam que variadas empresas ligadas ao Comando Vermelho movimentavam valores da ordem de R$ 25 milhões por ano, recebendo depósitos pulverizados de todo o país, inclusive de Teófilo Otoni e Belo Horizonte, zonas de atuação da FTO.

Relatórios de inteligência financeira identificaram depósitos fragmentados que somaram R$ 2,3 milhões em uma única semana, prática conhecida como smurfing, usada para dificultar a detecção de movimentações suspeitas.

Luxo financiado pelo tráfico

Um dos ativos recuperados pela operação foi um imóvel de luxo à beira-mar em Alagoas, adquirido com recursos do tráfico. O bem foi tornado indisponível por decisão judicial.

Segundo o Gaeco, o uso de bitcoins para escoar valores ilícitos representa um desafio crescente. O grupo alerta que a falta de regulamentação transforma os criptoativos em um motor financeiro do Comando Vermelho.

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