Pesquisa

Melhoramento genético impulsiona qualidade e produtividade do café em Minas

Pesquisas desenvolvem novas cultivares adaptadas e garantem excelência na produção

Do HOJE EM DIA*
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Publicado em 29/03/2025 às 12:07.
 (Erasmo Reis/Divulgação)

(Erasmo Reis/Divulgação)

A tradição cafeeira de Minas Gerais se fortalece com o impulso da ciência. Pesquisas em melhoramento genético, conduzidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e universidades, têm elevado a qualidade dos grãos e garantindo maior produtividade nas lavouras mineiras.

O foco central dessas pesquisas é o desenvolvimento de novas cultivares de café, geneticamente adaptadas aos diversos sistemas de produção e às particularidades das regiões cafeeiras de Minas Gerais. O resultado são grãos com sabores distintos e um aumento significativo na produção por hectare.

Gladyston Carvalho, pesquisador em cafeicultura da Epamig, ressalta a importância da pesquisa para o setor. "Minas Gerais, com seus 587 municípios cultivando café, é o maior produtor do Brasil, responsável por cerca de 50% da área cafeeira e 40% da produção nacional. São inúmeros produtores que dependem diretamente desta cultura e do avanço da pesquisa agropecuária para prosperar", afirma.

Vinícius Andrade, também pesquisador da Epamig, lembra que, apesar de a área de plantio de café no Brasil não ter apresentado um crescimento expressivo nas últimas décadas, a produtividade deu um salto notável desde os anos 1980. "A média de sete sacas por hectare evoluiu para uma faixa de 25 a 30 sacas por hectare", compara. Ele enfatiza que as pesquisas visam não apenas o aumento da produção, mas também a sustentabilidade da atividade para o cafeicultor, garantindo boa remuneração e criando condições favoráveis para a sucessão familiar, mantendo viva a tradição de uma das culturas mais importantes para o país.

Cultivares que fazem a diferença

Décadas de investimento em pesquisa científica consolidaram Minas Gerais como líder na produção de café de qualidade no Brasil. Cultivares como Topázio MG1190, MGS Paraíso 2, MGS EPAMIG 1194, MGS Aranãs e MGS Ametista são frutos desse trabalho, desenvolvidas especificamente para as condições do estado e impulsionando a produtividade, o vigor das plantas e a qualidade final da bebida. A Epamig já registrou mais de 20 cultivares de café.

O longo caminho até uma nova cultivar

O processo de desenvolvimento de uma nova cultivar é extenso, levando de 20 a 30 anos. A técnica principal utilizada é a hibridação, que consiste no cruzamento de plantas com características desejadas. Nos primeiros 12 anos, as pesquisas são conduzidas em campos experimentais. Somente após rigorosos testes em diferentes ambientes, as cultivares são registradas e recomendadas para o uso pelos produtores.

Entre 2016 e 2022, a Epamig, com o apoio da Federação dos Cafeicultores do Cerrado e do Consórcio Pesquisa Café, desenvolveu um projeto robusto de avaliação de cultivares na importante região do Cerrado Mineiro. Unidades demonstrativas foram instaladas em propriedades de produtores parceiros, permitindo identificar as cultivares com maior potencial para a região. "Essa experiência bem-sucedida nos impulsionou a avançar para o projeto de validação de cultivares e transferência de tecnologias para todas as regiões cafeeiras de Minas Gerais", explica Gladyston Carvalho.

Atualmente, os estudos continuam em diversas regiões do estado, fornecendo o suporte técnico necessário para a renovação do parque cafeeiro mineiro. Com o contínuo avanço da ciência e da tecnologia, Minas Gerais reafirma sua posição como referência mundial na produção de café de excelência.

Ciência no campo: Produtividade na prática

Alexandre Vilela representa a quarta geração de produtores de café em sua família. No Sítio Refazenda, localizado em Nepomuceno, no Sul de Minas, ele investiu na reestruturação de suas lavouras, introduzindo novos materiais genéticos desenvolvidos pela pesquisa.

"Nós acreditamos na ciência e temos observado que os materiais da Epamig têm apresentado resultados muito positivos. Em nossas renovações, cultivares como Catiguá MG2, MGS Aranãs e MGS Paraíso 2 se adaptaram muito bem à nossa realidade, proporcionando maior produtividade e qualidade aos nossos cafés", relata o produtor, evidenciando o impacto direto da pesquisa no dia a dia da produção cafeeira mineira.

*Com informações da Agência Minas

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