Membros da APH denunciam prisões arbitrárias durante protesto em BH

Thaís Mota - Hoje em Dia
09/09/2013 às 19:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:48
 (Guilherme Dardanhan)

(Guilherme Dardanhan)

Em audiência pública na tarde desta segunda-feira (9), integrantes da Assembleia Popular Horizontal (APH) denunciaram aos deputados da Comissão de Direitos Humanos a atuação da Polícia Militar durante os protestos realizados no feriado de 7 de setembro em Belo Horizonte. Segundo os participantes, vários manifestantes foram detidos de forma arbitrária e foram agredidos por militares durante os protestos.    Segundo a integrante da APH, Míriam Alves, algumas pessoas que foram detidas no último sábado tiveram os cabelos raspados e estão sendo mantidos incomunicáveis no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) da Gameleira, região Oeste. "Os familiares estão sem nenhum contato com os manifestantes e nem mesmo os advogados populares estão conseguindo acesso a eles", apontou a jovem.   Ainda de acordo com a militante, durante a reunião, houve denúncias de agressão contra presos no interior da 1ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de BH. "Até uma advogada chegou a ser agredida dentro da delegacia por um oficial da Polícia Militar e jornalistas que ficaram feridos. Um repórter da TV Mídia Ninja teve, inclusive, o celular apreendidido e foi preso porque estava filmando os protestos", garante.   Uma denúncia ainda mais grave apresentada pelos integrantes da APH é de que os policiais estariam utilizando um colete sobre a identificação dos militares. Além disso, o movimento apontou como rascista o Estado e a polícia já que a maior parte dos manifestantes mantidos na prisão são negros. "Há um rascismo institucional não somente durante os protestos, mas, diariamente, nas atuações da PM", concluiu.   Diante das denúncias, os deputados da Comissão de Direitos Humanos vão avaliar nesta terça-feira (10), durante audiência para discutir o programa Mais Médiso, um requerimento para uma visita dos parlamentares aos presos no Ceresp Gameleira na quarta-feira. Além disso, segundo o deputado Rogério Correia (PT) eles vão analisar um pedido de nova audiência pública para debater a relação da polícia com os jovens negros.    "Eles apresentaram uma série de denúncias de abuso policial e prisão seletiva. Segundo os jovens, há um manifestante preso que foi ferido com bala de borracha, há outro que teve seu cabelo rastafári cortado e, além disso, a polícia queria apresentar esses presos como se fossem bandidos. Por isso, nós vamos acompanhar o caso e encaminhar as notas taquigráficas desta reunião ao governador e à ouvidoria de polícia", concluiu o deputado.   O ouvidor de Polícia, Rodrigo Xavier da Silva, acompanhou a audiência pública e afirmou que ouviu atentamente todos os depoimentos apontando abusos e arbitrariedades dos agentes de segurança pública. “De posse de todos os relatos, vamos cobrar das corregedorias. Acompanhamos as denúncias, encaminhamos para as instituições e damos retorno a quem passou por situações de violência”, afirmou.

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