(Rovena Rosa/Agência Brasil)
Uma menina de apenas 8 anos, de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é a vítima mais jovem da Covid-19 em Minas, informou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). A criança tinha comorbidades e morreu nessa segunda-feira (22). O óbito entrou no boletim epidemiológico desta quarta-feira (24), que trouxe o recorde de 51 mortes em apenas 24 horas no Estado. As doenças preexistentes não foram divulgadas.
O governo de Minas lamentou o fato e pediu que a população reforce o isolamento.Ao todo, já são 113 casos confirmados de Covid-19 em crianças abaixo de 12 meses. Há 641 pacientes de um a nove anos e 1.176 casos positivos em pessoas de 10 a 19 anos de idade.
"Na condição de pai, eu tenho dois filhos, é muito, muito triste, a gente ter que noticiar o falecimento de uma criança de oito anos de idade. Ela tinha comorbidades, mas mesmo assim é algo que nos entristece. A gente se solidariza com as pessoas que perderam seus entes queridos e, em particular, a esses pais que perderam a sua criança com oito anos de idade", declarou o secretário adjunto de Saúde, Marcelo Cabral.
Reunião com macrorregião Centro
O chefe de gabinete da SES-MG, João Pinho, avaliou como proveitosa a reunião entre o Estado e a macrorregião Centro, da qual fazem parte Belo Horizonte e cidades vizinhas. Segundo o gestor, os encontros - pelos quais já passaram todas as 14 macrroregiões de saúde do Estado - são importantes para a discussão de vias de ação no combate à doença e também um espaço para os municípios darem um posicionamento sobre o que, por ventura, não está funcionando adequadamente no processo.
"No caso de BH, nós fizemos recentemente. Foi mais uma oportunidade de estabelecer esse diálogo, não só com BH, mas com todas as prefeituras da macro Centro. Algumas cidades estavam com um isolamento ainda não tão adequado", declarou. Um dos temas tratados, ainda conforme Pinho, foi a necessidade de intensificação da comunicação entre os gestores. "A gente sabe que, às vezes, o comando está ali, mas não chegou na outra pronta. A gente tem conversado bastante sobre isso", disse.
Ocupação de leitos
Após bater, nessa terça-feira (24), o recorde de 90,66% de leitos de terapia intensiva ocupados em Minas, o Estado informou que os índices de uso de vagas de UTI na rede pública estadual está em 90,36%, enquanto a ocupação de leitos clínicos está em 77,57%. O uso de vagas exclusivamente por pacientes com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19 está em 16,28% (UTI) e em 10,90% (enfermaria).
"Com relação ao esgotamento de leitos, esses dados são, efetivamente, muito dinâmicos, já que o trabalho é feito constantemente e diariamente no que se refere à essa ampliação (de vagas)", informou Cabral.
Taxa de contágio
João Pinho trouxe os dados da taxa de contágio em Minas nesta quarta-feira. Segundo ele, o Estado apresenta índice RT (transmissão) em 1.04, o que representa estado de atenção. A taxa RT é calculada conforme protocolo do Imperial College de Londres e traz um dado instantâneo, ou seja, para o dia.
"Quando a gente tem um RT abaixo de 1 a gente identifica que o ritmo de contágio da doença é bem mais baixo, então, a gente não tem aquela evolução exponencial. Entre 1 e 1.2 é um RT de atenção: devemos fortalecer as nossas medidas de distanciamento para conter o contágio. Acima de 1.2 a gente começa a entrar num limiar um pouco mais complicado", explicou Pinho.
Segundo o gestor, apesar de Minas estar em um patamar mais próximo do adequado, a situação pode piorar (ou melhorar) já nesta quinta-feira (25). "É importante que a gente acompanhe esse dado constantemente para entender como as nossas medidas estão impactando na propagação da doença", afirmou.
Busca de atendimento
Pinho também trouxe informações sobre quando é necessário buscar ajuda médica pública ou privada diante de um suposto caso de Covid-19. Segundo o gestor, a busca por apoio médico deve ocorrer a partir da análise dos sintomas do paciente: em caso de sintomas graves, a busca deve ser imediata; mas em caso de sintomas leves, a recomendação é o diagnóstico a partir do aplicativo Saúde Digital MG.
Conforme o gestor, o interessado deve baixar o sistema gratuitamente e responder um questionário via inteligência artificial. "Esse questionário já identifica se a pessoa deve ou não buscar atendimento e, caso precise, o próprio aplicativo já faz agendamento on-line com médicos da Fhemig", disse. Segundo ele, durante o inverno, estação em que aparecem outras doenças com sintomas parecidos, o ideal é tirar a dúvida no app.
"Se o sintoma estiver muito díspare do coronavírus, o app já vai dar uma certa segurança. Se os sintomas forem leves, mas próximos da Covid-19, vai ser possível fazer uma consulta no conforto de casa, sem nenhum tipo de pagamento", completou.
Lockdown
Questionado se, diante do crescimento de casos e da flexibilização do comércio em algumas cidades, seria o momento de adotar o lockdown (confinamento total) em determinadas regiões, o secretário adjunto Marcelo Cabral voltou a afirmar que, mesmo que o protocolo de bloqueio esteja preparado e previsto no Plano de Contingenciamento estadual, o Estado trabalha, em primeiro lugar, na base do diálogo com os municípios.
Segundo ele, o procedimento só seria cogitado em "situação muito grave, em que a gente precisaria, efetivamente, providenciar o fechamento em caso de descontrole", afirmou.