Método da ‘vigilância participativa’ é opção que pode dar a dimensão real da pandemia

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
26/05/2020 às 20:30.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:36
 (Leopoldo Silva/Agência Senado)

(Leopoldo Silva/Agência Senado)

Em meio à subnotificação da Covid-19, especialistas vêm propondo alternativas para prever a real situação da doença. É o que busca a vigilância participativa, que consiste em análises a partir do relatos de sintomas de voluntários.

O método é utilizado pelo Movimento Brasil Sem Corona. À frente da iniciativa, o epidemiologista Onicio Leal afirma que a falta de dados sobre infectados não é um problema, mas uma característica dos sistema de vigilância em saúde de todo o mundo. “Existe uma lacuna entre o indivíduo adoecer e ser contabilizado. Nem sempre essa pessoa vai chegar ao sistema de saúde”.

Doutor em Saúde Pública e pesquisador da Universidade de Zurique, Onicio afirma que a vigilância participativa tenta resgatar números que acabam “perdidos”.

Segundo o especialista, dois estudos sobre o tema, publicados em maio em revistas científicas, mostraram que o método pode trazer a dimensão real da epidemia.

Para ser vigilância participativa, é preciso ter uma coleta ampla de dados por meio de alguma tecnologia. O cidadão informa se ele tem algum sinal de Covid-19. A informação é analisada por padrões como grupos de pessoas com sintomas semelhantes, em um mesmo espaço e ao mesmo tempo. “Os dados ajudam a entender quais as áreas de risco na cidade e a antecipação de medidas, como intervenção do território”, destaca o pesquisador.

Onicio Leal diz que a vigilância participativa pode resultar em economia. De posse das informações, é possível direcionar testagens, tratamentos e recomendações de isolamento social.

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