Micróbios do bem costumam ser inofensivos e até úteis

Ana Paula Lima - Hoje em Dia
13/10/2014 às 07:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:35
 (Maarten Van Der Wal/ AFP)

(Maarten Van Der Wal/ AFP)

Fama pior não existe. Crescemos ouvindo que micróbios fazem mal à saúde e é comum nos referirmos a eles quase como sinônimo de “sujeira”. O resultado é que, fora do mundo acadêmico, dificilmente alguém sai em defesa desses seres quase invisíveis. Ou saía.

A Holanda acaba de inaugurar um zoológico sobre os organismos minúsculos. O objetivo é mostrar que são essenciais à nossa sobrevivência e terão papel cada vez mais importante para a humanidade e o planeta.

Professora do Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Maria Augusta Lima Siqueira vê uma enorme injustiça na forma como os micróbios são tratados no dia a dia.

A começar pelo próprio nome. “‘Micróbio’ é um termo genérico e confuso, normalmente usado de forma pejorativa”, diz a bióloga. “É uma referência grosseira aos micro-organismos, mas nem todos são patogênicos. Na verdade, a minoria faz mal ao homem”.

MISSÃO DE PAZ

Micro-organismo é qualquer ser vivo visto apenas com a ajuda do microscópio. A definição engloba bactérias, fungos, protistas, etc. E nesse universo tão grande, os mocinhos são bem mais comuns.

Quem nunca ouviu falar dos lactobacilos? Pois são bactérias que fazem parte da flora intestinal e que também podem ser consumidas, chegando vivas ao intestino. A função delas é ajudar na digestão.

Também há o fungo do gênero Saccharomyces. Algumas espécies são usadas na produção de alimentos, como o pão, e na fabricação da cerveja.

Foraminíferos, um tipo de protista marinho, dão pistas ao homem de onde encontrar bacias petrolíferas. Eles secretam conchas calcárias que se depositam no fundo do mar e, em milhões de anos, elas podem originar petróleo.

“Em grande quantidade, conchas como essas são indicativo de que mais abaixo há uma reserva do recurso natural”, diz Maria Augusta.

MÃO DE OBRA

Idealizador do Museu Micropia, em Amsterdan, Haig Balian espera que o zoológico desperte a atenção do mundo para a microbiologia, ciência que estuda essas criaturas.

“Os micróbios estão em toda parte. Portanto, precisamos de microbiologistas que sejam capazes de trabalhar em qualquer setor: nos hospitais, na produção de alimentos, nas indústrias petrolífera e farmacêutica, por exemplo”.

O diretor destaca o uso deles na produção de biocombustíveis, no desenvolvimento de novos antibióticos e no melhoramento da produtividade agrícola. Experiências demonstram potencial para gerar energia, reforçar fundações de prédios e até combater o câncer.

“Se deixarmos a ciência da microbiologia no escuro, relegada a alguns poucos especialistas, o interesse por ela nunca vai se desenvolver”, alega. l (Com Agência France-Presse) 

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