Minas ‘exporta’ crianças para uma nova vida no estrangeiro

Crianças e adolescentes de Minas Gerais que não conseguem um lar no Brasil estão sendo levadas para o exterior. Das 111 adoções internacionais autorizadas pela Justiça nos últimos três anos, 90 foram para famílias da Itália. O país recebe 80% dos menores de idade do Estado.

No ano passado, os juízes mineiros autorizaram 60 adoções por estrangeiros. Cinquenta crianças foram para a Itália; oito para a Espanha e quatro para a França. Em relação a 2009, quando 29 meninos e meninas seguiram para o exterior, houve um crescimento de 113%.

Parceria

A coordenadora da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Minas Gerais (Ceja), Liliane Maria Lacerda Gomes, explica que a Itália é a campeã em adoções de mineirinhos em função do trabalho de cinco organizações não governamentais do país europeu.

As entidades trabalham em parceria com instituições mineiras que assistem crianças e adolescentes.

“Entra na fila internacional quem ficou aguardando, sem sucesso, um lar no Brasil”, diz Liliane Gomes. A maioria das crianças é negra e tem mais de 8 anos.
 
Adaptação

Liliane Gomes explica que o casal interessado em levar um brasileiro para o exterior precisa vir para Minas e ficar no Estado por 30 dias, para uma adaptação.

Nesse período, uma equipe de profissionais do Ceja acompanha todo o processo. Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, é a cidade que lidera as adoções por estrangeiros. Nos últimos três anos, 27 crianças de lá foram encaminhadas para outros países.

“Não há nada de irregular nisso. O poder judiciário de Teófilo Otoni trabalha em parceria com entidades italianas que se interessam em abrigar crianças de uma das regiões mais pobres do Estado”, afirma Liliane Gomes.
 
Espera

Em Minas, 312 menores de idade estão na fila de espera, que tem 277 pretendentes estrangeiros. Segundo o Tribunal de Justiça, 19 já enfrentam o período de adaptação, última etapa antes de embarcarem rumo ao novo lar.

Das 20 crianças mineiras adotadas neste ano, quatro eram de Teófilo Otoni; quatro de Belo Horizonte; três de Governador Valadares; três de Bocaiúva; três de Unaí e duas de Galiléia. l