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Em meio à polêmica envolvendo a volta às aulas presenciais, ainda sem data para acontecer, Minas mantém o alerta por conta do número de crianças e adolescentes internados por complicações da Covid. Desde o início da pandemia, em março do ano passado, 769 mineiros de 0 a 19 anos foram hospitalizados após testarem positivo para o coronavírus. Destes, 193 precisaram ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Errata: a capa da versão PDF do Hoje em Dia trouxe invertido o número de crianças e jovens internados por Covid em Minas. O correto é 769, como informa a matéria. Pelo transtorno, pedimos desculpas.
Hoje, 117 meninos e meninas nesta faixa etária estão em leitos de hospitais. Os dados foram compilados pelo Hoje em Dia a partir do Painel de Monitoramento de Casos da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
De acordo com o médico infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia em Belo Horizonte, Estevão Urbano, apesar de esse grupo apresentar menor risco de contrair a doença e desenvolver sintomas mais leves, o alto índice de internações chama a atenção.
“Não é para ter pânico, mas também não é para achar que está tudo bem. Existem problemas, sim, e eles podem ser graves. A Covid afeta muito mais os adultos, mas está muito longe de não ter relevância para as crianças”, diz.
O especialista alerta, ainda, sobre a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, associada à Covid. Ela ocorre após a contaminação pelo coronavírus e desencadeia sintomas mais severos. Até agora, 67 crianças já foram confirmadas com a doença no Estado.
Na última quarta-feira, o governo de Minas divulgou novo protocolo para a retomada das atividades nas escolas estaduais, marcada para 8 de março. Por enquanto, as aulas seguirão a distância, mas há a expectativa da adoção do sistema híbrido, com revezamento de atividades on-line e presenciais. Além disso, para que os colégios possam receber os alunos, uma liminar na Justiça proibindo o ensino tradicional precisa cair, e caberá a cada prefeito decidir a situação no seu município.
Para Estêvão Urbano, a volta às aulas no atual momento da pandemia depende das condições epidemiológicas de cada cidade. BH, por exemplo, ainda não decidiu se autorizará o retorno. O martelo deverá ser batido na próxima semana.
“Não se pode ter uma medida em um local e aplicar exatamente a mesma em outro, sendo que as situações podem ser muito diferentes”.Clique para ampliar
Ala infantil
Do total de internações por Covid entre crianças e adolescentes desde o ano passado, cerca de 25% ocorreram em UTIs: 52 bebês, 68 meninos e meninas entre 1 e 9 anos e 73 jovens de 10 a 19. Nos três grupos, 612 doentes já se recuperaram e foram para casa. Por outro lado, 40 morreram.
Segundo a médica infectologista Lilian Diniz, membro da Sociedade Mineira de Pediatria, as manifestações de Covid variam nas crianças, mas podem incluir dores na barriga, nariz escorrendo e manchas na pele. Dependendo do caso, é necessária avaliação médica mesmo após a alta.
“Algumas das crianças que apresentam o quadro de síndrome inflamatória podem ter alterações cardíacas. Então, é sugerido um acompanhamento, até para termos mais informações sobre possíveis sequelas cardíacas”.
Até o momento, seguem internadas nas casas de saúde mineiras 23 crianças com menos de 1 ano, sete delas em UTI. Na faixa etária intermediária, são 54 pacientes ainda em acompanhamento médico, sendo que 10 estão nos leitos de terapia intensiva. Já entre os adolescentes, são 40 em observação, oito deles em estado grave.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES ontem, Minas já confirmou 862 mil casos e 18 mil mortes pela Covid. Mais de 785 mil pacientes se curaram da doença, enquanto 58 mil seguem em observação médica.