Minas lidera ranking de exploração sexual de crianças e adolescentes em rodovias federais

Danilo Emerich – Hoje em Dia*
25/11/2014 às 18:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:10
 (Leonardo Morais / Hoje em Dia)

(Leonardo Morais / Hoje em Dia)

Minas Gerais tem 313 pontos vulneráveis de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. O número, que cresceu 24,21% em relação a 2012, coloca o estado, mais uma vez, como o campeão dos abusos, no levantamento divulgado nesta terça-feira (25), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).   É a sexta vez que o estudo, realizado em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Childhood Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é publicado. No país, foram identificados um total de 1.969 pontos vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas rodovias federais. Desse total, 566 foram considerados pontos críticos; 538, com alto risco; 555, com médio risco; e, por fim, 310 pontos foram avaliados como de baixo risco.    Em Minas Gerais, os pontos foram identificados em 15 rodovias federais, sendo as BRs-040, 050, 116, 135, 146, 153, 251, 262, 267, 354, 364, 365, 381, 459 e 488. Ao todo, são 49 pontos críticos, 54 de alto risco, 77 de médio risco e o restante de baixo risco. Os números correspondem a um praticamente um terço dos locais de perigo em toda a região Sudeste brasileira.   A rodovia federal em Minas que mais concentra pontos de vulnerabilidade é a BR-381, com 125 locais. Na sequência, também aparecem as BR-040 (34) e BR-116 (23). No levantamento anterior, feito entre 2011 e 2012, foram identificados 252 pontos vulnerabilidade para exploração sexual de crianças e adolescentes no estado.   Estudo   Os Pontos vulneráveis são ambientes ou estabelecimentos onde os agentes da polícia rodoviária federal encontram características - presença de adultos se prostituindo, inexistência de iluminação, ausência de vigilância privada, locais costumeiros de parada de veículos e consumo de bebida alcoólica - que propiciam condições favoráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes.    O processo de mapeamento e divulgação dos pontos vulneráveis criam a possibilidade de um trabalho intersetorial e articulado de prevenção da violência sexual e proteção da infância e adolescência entre a PRF e os seus parceiros. Para ampliar ainda mais o conhecimento sobre esses pontos e esta forma de violência, esta edição do mapeamento incluiu duas novas questões:a primeira,sobre o sexo/gênero das vítimas; e a segunda, sobre o seu local de origem. Ao entender melhor o perfil da criança ou adolescente nesta situação, é possível contribuir para o estabelecimento de políticas preventivas de atendimento e encaminhamento.    Queda   O principal destaque da evolução dos últimos mapeamentos é a significativa redução dos pontos críticos: 40% em seis anos. A redução desses pontos pode estar relacionada à soma de esforços, engajamento dos diversos setores e atuação preventiva nas rodovias federais.    Comparada à edição anterior de 2011/2012, houve ainda um aumento de 9% do número total de pontos mapeados. Este aumento é percebido de forma positiva pela PRF e parceiros, visto que este órgão tem investido, ao longo dos últimos anos, no treinamento dos policiais rodoviários. Pontos que antes não eram vistos como problemáticos, hoje tem sua vulnerabilidade detectada e medida, fruto de uma maior capacidade e refinamento por parte dos policiais na identificação desses locais.     “Além da capacitação, o engajamento pessoal do policial - que é o agente responsável pela verificação in loco das condições de vulnerabilidade - na temática de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes é condição fundamental para que se produza um trabalho consistente como esse mapeamento” frisa Maria Alice Nascimento Souza, Diretora-Geral da PRF.   Sudeste   A região sudeste do Brasil foi apontada como a região com mais pontos de vulnerabilidade, com 494 áreas mapeadas, Em segundo lugar, aparece o nordeste, com 475 pontos propícios à exploração sexual de crianças e adolescentes, seguido das regiões sul (448), centro-oeste (392) e norte (160). Minas Gerais, Bahia e Pará lideram na quantidade absoluta de pontos críticos ou de alto risco.    Do total de pontos de risco de exploração sexual mapeados, 1121 pontos forneceram respostas à origem e gênero das crianças e adolescentes. 428 pontos (38%) indicaram que a vítima era originária de outra localidade, ou seja, poderiam estar em situação de tráfico de pessoas. E, dentre os 448 pontos com registro de crianças e adolescentes em situação de exploração sexual, identificou-se que 69% era do sexo feminino, 22% transgêneros e 9% do sexo masculino.    O Coordenador de Programas da Childhood Brasil, Itamar Gonçalves, destaca a importância do mapeamento “Este trabalho representa um reforço para a efetivação de políticas públicas e ações integradas para o enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes”.   (*) Com PRF

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