Leitos de UTI do Hospital Julia Kubitschek (Foto: DER-MG/ Divulgação)
Março começa com uma novidade no atendimento a pacientes infectados com o coronavírus. A partir desta quarta-feira (1º), não há mais leitos de terapia intensiva exclusivos para tratamento da Covid-19. As vagas criadas para o atendimento da doença serão incluídas em uma rede única, para o tratamento de todas as demandas, incluindo o coronavírus.
É o que prevê a Deliberação CIB-SUS/MG Nº 3746, publicada no último dia 26 na Imprensa Oficial de Minas Gerais e que começa a ter efeito neste mês. A medida dispõe sobre a adequação de leitos destinados exclusivamente a casos suspeitos e confirmados de infecção pelo coronavírus.
A mudança na estratégia de atendimento de saúde no estado foi anunciada na última sexta-feira (25), em uma entrevista do secretário estadual de Saúde, Fábio Bacchereti. Segundo ele, o momento da pandemia em Minas permite que o estado avance no programa Opera Mais, Minas Gerais, que pretende reduzir e até zerar a fila de pacientes esperando por cirurgias eletivas. A estimativa, segundo o governo, é de que 370 mil pessoas estejam aguardando por procedimentos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), com o aumento da cobertura vacinal contra covid-19 e a melhora do cenário assistencial da doença no estado e no país, especialmente relacionado ao menor número de internações e casos graves da doença, 590 leitos de Unidade de Terapia Intensiva - UTI Adulto e Pediátrico Tipo II em Minas Gerais serão habilitados junto ao Ministério da Saúde.
Ainda segundo a SES, esses leitos que vinham sendo utilizados exclusivamente para assistência hospitalar a pacientes covid serão integradas à rede de atenção à saúde do Estado.
Na sexta-feira, Bacchereti declarou que com a mudança “outras doenças, como infarto, AVC e infecções terão mais leitos disponíveis''. O secretário considerou que a oferta dos leitos para o atendimento geral será um grande legado que fica da pandemia. “Com mais leitos de UTI e os mais de R$ 200 milhões da nossa política de cirurgia eletiva - Opera Mais, Minas Gerais -, vamos enfrentar este problema e tentar zerar esta fila de cirurgias eletivas em hospitais que estão melhor equipados. Foram mais de cem tomógrafos distribuídos para vários hospitais do estado”, afirmou.
Sobre o atendimento de casos de Covid, Fábio Baccheretti afirmou que o estado irá estabelecer novos protocolos e outra maneira de categorizar os desdobramentos da doença no estado. Ainda segundo o secretário, uma nova metodologia está sendo elaborada a partir de dados mais consistentes sobre o atual cenário da pandemia em Minas.
De acordo com a SES, será iniciado o período de adequação para que os prestadores possam implementar a transição para a nova modalidade de assistência no âmbito da Terapia Intensiva, com a absorção dos leitos na estrutura permanente. A secretaria esclarece que todas as unidades já são integradas à rede de atenção à saúde do Estado, portanto não há a classificação “leitos de enfermaria para atendimento exclusivo covid”.
Os hospitais deverão seguir as seguintes orientações nos casos de internação de pacientes com COVID-19 durante o período de adequação
Cuidados com o paciente:
- Deverá ser internado preferencialmente em leito isolado;
- Na impossibilidade de internação em leito isolado, fazer a internação por coorte e ser mantido em sala com distanciamento mínimo entre leitos de 2,0m;
- O paciente deverá ser internado em leito isolado e na impossibilidade, ser mantido em sala com distanciamento entre leitos de 2,0m. Segundo a RDC 50/02, sala é um ambiente envolto por paredes em todo o seu perímetro e uma porta;
- Na sala de internação dos pacientes em coorte garantir barreira física (parede) com os demais leitos;
- Sempre que possível manter medidas de precaução por aerossol (uso de máscara
cirúrgica, sistema de aspiração orotraqueal em sistema fechado)
Equipe assistencial e de apoio:
- Manter os ambientes bem arejados e ventilados;
- Manter as medidas de precaução por aerossol e por contato (uso de avental, máscara N95/PFF2, luvas, óculos protetor e gorro);
- Manter equipe exclusiva para o atendimento e na impossibilidade, trocar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) antes de realizar atendimento a outro paciente que não COVID-19;
- Realizar a higienização das mãos com água e sabão ou friccionar álcool gel 70% em todas as oportunidades no cuidado ao paciente;
- Atentar para realizar a higienização das mãos sempre que tocar qualquer superfície da unidade e antes e após contato com o paciente;
- Usar avental descartável e quando houver pacientes com microrganismos multirresistentes, utilizar um segundo avental e descartar imediatamente antes de deixar o leito;
- Implementar estratégias multidisciplinares para monitorar e melhorar a adesão dos profissionais de saúde às práticas recomendadas para precauções.
A Fundação Hospitalar de Minas Gerais declarou que em dois hospitais da Rede Fhemig - Sara Kubitschek e Eduardo de Menezes - já não vinha reservando leitos exclusivos para a Covid.
Questionada sobre os leitos do SUS em cidades que têm gestão plena, como é o caso de BH, a SES não soube informar, nesta terça-feira, se a estratégia deve ser adotada.
Monitoramento de casos
A SES explica que a taxa de incidência de Covid será medida por meio do Sistema De Informação De Vigilância Epidemiológica Da Gripe (Sivep Gripe) do Ministério da Saúde, onde são notificados os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Neste mesmo sistema, constam os casos de Covid-19 e de outras causas.
A taxa de ocupação dos leitos continuará sendo medida por meio do sistema SUS-Facil, que já monitora a taxa de ocupação dos leitos, incluindo os de terapia intensiva. Serão incluídos todos os leitos do SUS e, nestes, será verificada a porcentagem de leitos com Covid-19.
Ainda de acordo com a SES-MG, o acompanhamento das internações por Covid ocorrerá da mesma forma que outras doenças respiratórias, como já ocorre com os casos de influenza. Os dados serão, da mesma forma como acontece agora, disponibilizados diariamente no painel Ocupação de Leitos UTI e Enfermaria.
Para os indicadores da pandemia, segundo a pasta, vão ser considerados taxa de incidência, número de casos internados, número de casos aguardando internação, número de casos positivos para Covid-19 entre os casos com doenças respiratórias agudas e porcentagem de exames positivos dentre as amostras coletadas.
Rede Municipal de Saúde
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou em nota que, no momento, não há qualquer repercussão na rede assistencial do município. E reforçou que os números epidemiológicos e assistenciais da doença no município são monitorados diariamente. E que qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas.
Ao longo da pandemia, continua a prefeitura na nota, sempre de acordo com os indicadores epidemiológicos e assistenciais da doença no município, foram realizadas aberturas de leitos de Covid e remanejamento para leitos retaguarda. E que, se necessário, os leitos podem ser, imediatamente, reconvertidos para atendimento Covid.
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