Minas pode ter aumento nas internações por Covid-19 mesmo após Carnaval atípico

Luiz Augusto Barros
luiz.junior@hojeemdia.com.br
17/02/2021 às 20:14.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:12
 (Guarda Municipal de Belo Horizonte/Reprodução)

(Guarda Municipal de Belo Horizonte/Reprodução)

Um salto nas infecções por Covid-19 poderá ocorrer em Minas nas próximas semanas devido às aglomerações provocadas durante o Carnaval, a exemplo do que ocorreu nas comemorações de fim de ano. Pelo menos é o que acreditam infectologistas. Apesar da folia não ter ocorrido nas ruas, muita gente se reuniu dentro de casa, viajou e até celebrou em festas clandestinas. Nos últimos dias, a Polícia Militar encerrou 50 eventos irregulares no território mineiro.

Após o Natal e o Réveillon, o número de pessoas com coronavírus cresceu consideravelmente em janeiro e no início desse mês no Estado, que já tem mais de 816 mil casos e 17 mil mortos pelo novo coronavírus. Com o mais recente feriado prolongado, a consequência pode ser a mesma daqui 15 dias. Não bastasse o temor de mais doentes, o contágio pode envolver a nova cepa da enfermidade, a P1, de Manaus. 

Para o médico Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte, o risco é grande. “Muito provavelmente isso poderá ser refletivo. Nós temos fatores muito preocupantes: as festas, as viagens e a possibilidade de crescermos rapidamente a contaminação pela variante brasileira”, afirmou.

Segundo o médico, caso a cepa do Norte do país se espalhe, não há previsão do que pode acontecer. Por isso,o risco de aglomerar e participar de eventos é ainda maior. "Possivelmente, ela se transmite mais, mas não sabemos se é mais agressiva e se tem problemas com a vacina. Está tudo em aberto”, argumentou.

Carlos Starling, médico infectologista e também membro do comitê, afirma que qualquer tipo de aglomeração piora a situação epidemiológica. “Muita gente viaja para fora de Belo Horizonte, para o Rio, para a Bahia, onde houve aglomerações. A mobilidade social alta aumenta o risco da epidemia e de transmissão viral”, afirmou.

De acordo com o especialista, o risco de um pico de novos testes positivos acontece pela circulação das pessoas durante esse período. Mesmo sem pular Carnaval nas ruas, elas se reuniram em casa e em festas clandestinas, o que pode levar o vírus de um lugar para o outro facilmente.

Estado em alerta

Em Minas, a situação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) já é preocupante na macrorregião de saúde Triângulo do Norte, beirando os 90%. Por conta do iminente colapso, o governo do Estado montou uma força-tarefa para auxiliar os municípios e deslocar os pacientes graves para outras regiões.

Desde 8 de fevereiro, as forças de segurança vêm desempenhando ações para a transferência dessas pessoas dos hospitais de Coromandel, no Alto Paranaíba, e Monte Carmelo, no Triângulo, com o uso das aeronaves do Corpo de Bombeiros. Até agora, cerca de 20 infectados com a Covid foram encaminhados para outras regiões do Estado.

Nessa quarta-feira (17), a Prefeitura de Coromandel anunciou limitação de circulação de pessoas nas ruas da cidade entre 20h e 5h, exceto quando necessário o acesso aos serviços essenciais e sua prestação, diante de comprovação. A medida é válida até o próximo dia 23.

Patos de Minas, no Alto Paranaíba, também decretou toque de recolher, das 22h às 5h da manhã. Neste horário, as pessoas só podem circular em casos de emergência. O município ainda restringiu por 15 dias o funcionamento presencial de atividades não essenciais. As novas regras começam a valer nesta quinta-feira (18) e vão até 4 de março.

Eventos clandestinos

Em Contagem, na Grande BH, antes mesmo do Carnaval começar, uma festa para 300 pessoas foi interrompida pela Polícia Militar na quinta-feira (11). O estabelecimento comercial foi interditado e os responsáveis multados. 

No mesmo dia, um baile funk em Betim, na Região Metropolitana, com cerca de 150 pessoas, terminou com 73 participantes sendo levados de ônibus para a delegacia. Drogas foram recolhidas no local.

Em BH, a Justiça proibiu a realização do Carnaval Itinerante, evento clandestino programado para às 8h de terça-feira (16) nos transportes públicos de Belo Horizonte (ônibus e metrô), sob pena de multa de R$ 50 mil aos organizadores. Antes, no sábado, uma festa clandestina, realizada em um bar no bairro Xodó Marize, na região Norte, já foi encerrada.

Também na terça, em Maravilhas, na região Central de Minas, a PM desarticulou um baile funk clandestino com 100 pessoas, contrariando as medidas sanitárias de prevenção à Covid. Drogas foram apreendidas e duas pessoas presas.

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