Minas poderia evitar mais de 850 homicídios com aumento do efetivo policial

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
20/05/2013 às 07:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:49

A redução da taxa de homicídios não requer apenas grandes mudanças sociais. O número de assassinatos pode cair, em proporções maiores a cada ano, mediante o aumento do efetivo policial. A conclusão, que contraria alguns discursos de gestores e especialistas em segurança pública, é de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O cruzamento de dados colhidos em mais de 5 mil cidades de todo o país mostra que a expansão de 10% no contingente das polícias militar e civil reduz, ano a ano, a taxa de homicídios.

Se esse ganho no efetivo ocorresse em Minas Gerais, em um ano, 133 mortes seriam evitadas. A redução de assassinatos chegaria a 545 casos em cinco anos e a 867 em uma década – ou 22% em relação aos dados de 2012 (veja quadro ao lado). Da mesma forma, a capital mineira também passaria a ter taxas menores de homicídios. A queda seria de 27, 109 e 174 assassinatos em um, cinco e dez anos, respectivamente.

“Não estamos aqui argumentando contra a redução da desigualdade de renda ou contra o aumento do nível de escolaridade da população. Estamos apenas ressaltando que o combate à criminalidade pode ser feito com sucesso sem passarmos por grandes mudanças na estrutura socioeconômica”, explica um dos responsáveis pelo estudo, Adolfo Sachsida, técnico de planejamento e pesquisa da diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea.


Desligamentos
 
Apesar de positiva, a previsão não deve se concretizar a curto prazo em Minas. A expectativa do secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, é a de que o efetivo da Polícia Militar, hoje com 45 mil servidores, cresça em torno de 10%, mas de forma fracionada até o fim de 2015. Até lá, esse “ganho” seria anulado, ao se considerar as aposentadorias e os desligamentos de policiais por outros motivos. “Um aumento repentino é inviável por causa dos custos”, justifica o secretário.

Além de mais policiais, outra estratégia que garante a redução de homicídios, conforme o estudo do Ipea, é a prisão de criminosos. Aumentar em 10% o número de detenções garante a queda no registro de assassinatos em 2% após cinco anos. Isto é, ao contrário do sustentado por alguns especialistas, prender bandidos é fundamental para a redução da violência. “Não precisamos mudar o mundo para mudar a situação caótica que vivemos. Isso é politizar demais esse tipo de debate. Prender mais assassinos e ter mais policiais nas ruas é uma solução eficiente”, afirma Sachsida.

Se comparada a outros países, a situação brasileira no que diz respeito à punição para homicidas é muito preocupante. Pesquisas internacionais apontam que, na Inglaterra, a probabilidade de uma pessoa cometer um assassinato, ser identificada, julgada e presa é de 80%. Nos EUA, as chances caem para 60% e, no Brasil, chegam a apenas 5%. Ou seja, de cada 20 assassinos, apenas um é condenado.
 
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