Minas quer promover BH para nossos algozes na Copa

Bruno Moreno - Hoje em Dia
16/07/2014 às 08:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:24
 (THOMAS EISENHUTH)

(THOMAS EISENHUTH)

A Copa do Mundo proporcionou um giro de R$ 2 bilhões na economia de Belo Horizonte, conforme balanço divulgado nessa terça-feira (15), mas a cidade pode mais. A Secretaria de Estado de Turismo e Esportes (Setes) pretende, de alguma maneira, tirar proveito da goleada de 7 a 1 sofrida pela Seleção e promover a cidade principalmente para os alemães, nosso algozes na fatídica semifinal disputada no Mineirão.   A ideia é montar um roteiro turístico em que estariam contemplados pontos da cidade marcados por aquele 8 de julho. Claro, a principal atração seria o estádio da Pampulha, onde já existe um museu do futebol. “É você vender um roteiro com diversas opções, num pacote fechado. Muitos vão querer vir a Belo Horizonte para conhecer a cidade e o entorno, inclusive os alemães que já estiveram aqui na Copa”, diz o secretário Tiago Lacerda.   O turismo injetou milhões de reais na economia da capital, graças à visitação de 355 mil turistas, brasileiros e estrangeiros. Foram R$ 451,3 milhões em receitas diretas e R$ 1,6 bilhão em indiretas. Os dados são de pesquisa realizada pela Setes, com o apoio da Belotur e do curso de turismo da UFMG.   “Tivemos um número que superou nossa expectativa de turistas estrangeiros (200 mil), além dos turistas brasileiros (155 mil). Foi um grande legado para a promoção de Belo Horizonte. Inicialmente, todas as áreas que avaliamos foram bem-sucedidas. Ainda precisamos verificar dados de outros órgãos, como o Comitê Organizador e da Fifa. É claro que a gente sempre pode melhorar”, afirmou Lacerda.   As informações fazem parte de uma amostragem feita com 1.116 pessoas. Entretanto, em breve deve ser divulgada a pesquisa completa, com 2.800 pessoas. A principal forma de hospedagem foram os hotéis e pousadas (46%), seguidos dos albergues (20%) e casa de amigos e parentes (19%). Durante a Copa, a média de ocupação da rede hoteleira foi de 75,3% em hotéis de grande porte e, no dia 8 de julho, quando o Brasil perdeu para a Alemanha, o índice chegou a 95%.   As informações foram coletadas junto ao Boletim de Ocupação Hoteleira (BOH). Já a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG) aponta que a ocupação hoteleira média durante a Copa inteira foi de 60%.   Essa era a projeção antes do torneio, que repetia o percentual da Copa das Confederações. Entretanto, em 2014 a cidade apresentou um crescimento de 35% de leitos, segundo a presidente da associação, Patrícia Coutinho. Nos últimos meses, 21 novos hotéis foram inaugurados, aumentando a oferta de quartos de 8,7 mil para 12,4 mil. Com isso, Belo Horizonte tem, agora, cerca de 25 mil leitos.   Patrícia acredita que a situação poderia ter sido melhor. “Se não tivéssemos tido tanta propaganda negativa, mais turistas teriam vindo”.   Para grandes eventos, um novo Expominas   Passada a Copa do Mundo, o setor do turismo pensa em como utilizar a exposição que Belo Horizonte teve para não perder a chance de colocar a cidade na rota dos grandes eventos internacionais. Uma das principais demandas é a construção do Expominas 2, na Gameleira. De acordo com o secretário de Estado de Turismo e Esportes, Tiago Lacerda, a licitação de uma Parceria Público-Privada deve ser publicada em breve, mas ainda não há um prazo para que os galpões sejam construídos. Além disso, segundo Lacerda, é preciso atualizar a legislação estadual referente ao turismo, mas ele não detalhou quais seriam as modificações.   Já o secretário municipal extraordinário para a Copa do Mundo, Camilo Fraga, informou que o programa Goal Belo! Reuniu executivos de 16 países durante o Mundial, que fecharam contratos no valor de R$ 75 milhões, nos setores de tecnologia da informação/startups e biotecnologia.    Enquanto o Expominas 2 não fica pronto, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG) planeja realizar viagens para não deixar que Belo Horizonte cai no esquecimento. “No segundo semestre devemos ter muitos eventos que não foram realizados antes por causa da Copa. Mas, para 2015, temos que divulgar a cidade. Estamos planejando realizar viagens pela América do Sul, para divulgar a cidade”, afirmou a presidente da ABIH-MG, Patrícia Coutinho.   Albergues em alta   Os turistas que visitam Belo Horizonte ainda não têm uma cultura de se hospedar em albergues. Ou melhor, não tinham. Na Copa das Confederações, no ano passado, esse tipo de acomodação, mais econômica, foi responsável por abrigar apenas 1,3% dos turistas, enquanto na Copa do Mundo o percentual subiu para 20%.   Um dos estabelecimentos que receberam os turistas foi o Allbargue, no bairro Carmo, região Centro-Sul, e que também tem um bar no térreo. Com capacidade para hospedar dez pessoas, o local recebeu 30 visitantes ao longo do Mundial, que vieram de países como Alemanha, Chile, Colômbia, Argentina, Inglaterra, Japão, México, Peru e África do Sul, além do Brasil.   “Foram poucas pessoas, mas muitos ficaram aqui por muito tempo”, disse um dos sócios, Henrique Dornas Dutra, 26 anos. Junto com três amigos, ele conseguiu inaugurar o albergue no último dia 3 de junho e, agora, espera conseguir manter a clientela.   

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