Minas reduz desmatamento, mas ainda é líder na derrubada de árvores

  Minas Gerais conseguiu reduzir em 22% o desmatamento de sua Mata Atlântica entre 2012 e 2013. No entanto, o dado está longe de ser um orgulho. Pelo quinto ano consecutivo, os mineiros lideram a derrubada de árvores no Brasil. É o que revela um novo estudo da Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgado nesta terça-feira (27).   O dado surge um dia após o Governo do Estado anunciar R$ 50 milhões para intensificar as ações de combate ao desmatamento da Mata Atlântica em Minas Gerais.   Segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, apenas 11,7% do bioma resiste em Minas. Em 2012, o Estado perdeu 10.752 hectares do tipo florestal, enquanto em 2012 foram 8.437 hectares.   Para a diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, a redução foi devido a uma moratória firmada pelo Estado, após a divulgação do atlas no ano passado, que impediu novas licenças e autorizações para a supressão vegetal. "Mesmo assim, continuaram os cortes ilegais, principalmente para a conversão em carvão para siderúrgicas", disse.   AUTORIZAÇÕES   O coordenador geral do Ministério Público Estadual, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, participou do lançamento do atlas e disse que pedirá a prorrogação e incremento da moratória. Segundo ele, além da fiscalização, também é preciso maior controle de grandes empreendimentos, onde haveria falhas na liberação dos licenciamentos. “Há uma política autorizativa, que precisa acabar”, afirmou.   O coordenador regional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios Jequitinhonha e Mucuri, Felipe Faria de Oliveira, informou que o MP ajuizou ações contra o Estado por liberar desmatamentos em áreas de avançado estágio de recuperação para o plantio de eucalipto. “Além da punição das empresas que suprimiram a vegetação, também queremos a responsabilização de servidores estaduais”, disse.   REAÇÃO   O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Alceu José Torres Marques, lamentou a primeira posição do estudo, mas diz que Minas está no caminho certo. “Sabemos que ainda há o que fazer, mas é uma situação que não será resolvida de uma hora para a outra”, afirmou.   Segundo Marques, a forma de licenciamento e autorizações concedidas pelo Estado é feita de forma legal e em alguns casos, o desmate é necessário. Porém, ele não descarta uma revisão das regras. “Quanto as fraudes, não conviveremos com elas. Os casos descobertos serão apurados e punidos”, disse.   Desmatamento sobe no país    Enquanto Minas Gerais conseguiu reduzir o desmatamento, o cenário nacional é diferente. Pelo segundo ano consecutivo, a taxa de derrubada da Mata Atlântica no Brasil subiu, alcançando o maior nível desde 2008.    Entre 2012 a 2013, o aumento foi de 9%. O país perdeu 23.948 hectares no último ano, o equivalente a uma área de 239 quilômetros quadrados do bioma, enquanto no ano anterior, a perda foi de 21.977 hectares.   Em 28 anos da pesquisa, o Brasil já perdeu uma área equivalente a 12 cidades de São Paulo de Mata Atlântica. Segundo o estudo, considerando trechos com mais de 3 hectares, restam só 12,5% dos 1,3 milhão de km2 originais do bioma.