Minas registra a menor destruição de Mata Atlântica em 32 anos, diz pesquisa

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
25/05/2018 às 20:26.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:16

Depois de a Mata Atlântica em Minas Gerais ter sido reduzida a 10% da área original, a velocidade do desmatamento começa a diminuir no Estado. De 2016 a 2017, foram devastados 3,1 mil hectares restantes do bioma, o equivalente a mais de 3 mil campos de futebol. Essa é a menor proporção desde o início do monitoramento, em 1985. 

Os dados foram divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta sexta-feira. Na comparação com os 12 meses anteriores, quando foram desmatados 7.410 hectares, a degradação é 58% menor. Porém, o território mineiro ocupa a segunda posição no ranking nacional de destruição, atrás apenas da Bahia. Minas havia liderado a lista de danos ao meio ambiente nos levantamentos feitos de 2005 a 2013, e depois em 2015.

Segundo o diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, a maior parte do desmatamento ocorre no Vale do Jequitinhonha. A exploração seria motivada para o uso do carvão vegetal pelo setor siderúrgico. 

“Essa exploração é feita por empresas de forma ilegal, com a utilização de mão de obra escrava, para, depois, o material servir para a produção de ferro-gusa. Além de não gerar emprego de qualidade, não paga imposto e deixa uma mancha de devastação”, afirma Mario Mantovani. 

A redução no ritmo da destruição teria ocorrido, na visão do especialista, principalmente pela queda da demanda do ferro-gusa no mercado internacional, com consequente diminuição da produção. 

No entanto, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que a melhoria do indicador reflete “um avanço nas ações de comando e controle, com monitoramento contínuo das áreas e fortalecimento da fiscalização em convênio com a Polícia Militar”. 

Ainda de acordo com a pasta, Minas Gerais seria a segunda unidade federativa com maior degradação por possuir 21% de toda a Mata Atlântica do Brasil. “Se considerarmos um desmatamento de 3.128 hectares, entre 2016 e 2017, isso representa 0,05% dos remanescentes do Estado”. 
Professor de ecologia da UFMG, Geraldo Wilson Fernandes vê a redução com bons olhos, mas faz uma ressalva. “Devemos buscar devastação zero”, afirma Geraldo Fernandes.

Sete dos 17 estados que ainda têm Mata Atlântica, conforme o relatório, registraram perdas em torno de 100 hectares ou menos, o que é considerado, tecnicamente, como “desmatamento zero”. O grupo é formado por Ceará (5 ha), Espírito Santo (5 ha), Rio Grande do Norte (23 ha), Rio de Janeiro (49 ha), Paraíba (63 ha); São Paulo (90 ha) e Mato Grosso do Sul (116 ha).Editoria de Arte

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