Fotógrafo mostra equipamento destruído após ataque de manifestantes antidemocráticos (Hoje em Dia)
Mais do que o corte na cabeça, hematomas e escoriações pelo corpo, a dor psicológica atormenta o fotógrafo do Hoje em Dia agredido nessa quinta-feira (5) por um grupo de manifestantes que contesta o resultado das eleições presidenciais diante do Comando da 4ª Região Militar, na avenida Raja Gabáglia, em Belo Horizonte. O profissional de 60 anos estava trabalhando quando foi cercado, agredido e teve parte do equipamento roubado. A câmera foi arrancada do pescoço dele e desapareceu.
Atuando há sete anos no jornal, ele nunca tinha passado por uma situação de violência. Ainda abatido e com o coração apertado, diz que as cenas covardes jamais serão esquecidas. "Foram momentos de terror, durou pouco, mas parecia uma eternidade", revela o fotógrafo, que passou a noite internado em um hospital. Ele teve alta na manhã desta sexta (6) e irá se recuperar em casa.
De longe, ele fazia fotos dos manifestantes que segue acampados há mais de dois meses diante da unidade do Exército, na zona Sul. Foi quando um grupo começou a persegui-lo, incitado por um homem que, com um microfone, proferia comandos para o expulsarem do local. Abordado e impedido de exercer a própria profissão, o profissional disse que estava saindo do local, mas foi em vão.
O fotógrafo lembra que praticamente implorou para que parassem com as agressões, mas a selvageria continuou. "Parou, parou, parou", gritava, conforme é possível perceber nos vídeos. Pelas gravações também dá para escutar ataques homofóbicos.
Em meio à confusão, ainda foi roubado. "Arrancaram a minha câmera e quebraram as lentes". Sangrando na cabeça, após ter sido arrastado pelo chão ao tentar se esconder sob um carro, conseguiu se desvencilhar, correr e entrar no primeiro táxi que passava pela avenida. De lá, seguiu para um hospital.
O fotógrafo passou a noite em uma unidade de saúde. Fez exames na cabeça e ficou em observação. Após mais de 12 horas, recebeu alta na manhã desta sexta-feira (6). Emocionado, agradeceu as manifestações de carinho que chegam a todo momento por colegas, autoridades e anônimos.
"Obrigado pessoal. Essa apoio é muito importante para mim. Um abraço a cada um de vocês, fiquem com Deus". Agora, ele espera por justiça. "Que essas pessoas paguem pelo que fizeram e que ninguém possa passar pelo que passei".
O Hoje em Dia presta assistência ao profissional, lamenta profundamente a covarde agressão e cobra punições aos autores. "Não há justificativa nenhuma para essa ou qualquer violência. É por isso que reafirmamos nosso compromisso de diariamente mostrar injustiças, defender liberdades e a democracia. Iremos cobrar das autoridades a apuração dos fatos, com a identificação e punição dos responsáveis", informou , em nota, o diretor executivo do jornal, Rodrigo Cheiricatti.
O governador Romeu Zema, o Sindicato dos Jornalistas, a Federação Nacional dos Jornalistas, a Ordem dos Advogados do Brasil, o Instituto dos Advogados do Brasil e a Polícia Militar prestaram solidariedade ao profissional.
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