(Luiz Costa)
O transporte público é a grande aposta dos especialistas para melhorar os gargalos no trânsito dos grandes centros. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), no entanto, essa meta está longe de ser alcançada: o modal não seduz o passageiro que, com melhora na renda, opta por se deslocar de carro ou motocicleta.
O salário mais gordo, somado à duração cada vez maior das viagens de ônibus dentro da capital ou entre as cidades da RMBH – 60 minutos em média –, faz os moradores abandonarem o transporte coletivo. A pesquisa Origem Destino, realizada entre agosto e novembro de 2012 e divulgada ontem pela Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana, mostra que, na última década, o número de deslocamentos por automóveis e motos aumentou 286%, o que significa que motoristas estão usando mais esses veículos para ir e vir. Se antes, na capital, a proporção era de um carro para cada três habitantes, hoje é de um para 1,58 morador.
“Há dez anos, 40% dos passageiros usavam o transporte público. Hoje, o individual praticamente empata, apesar de isso não significar que há menos pessoas usando o público”, observa o secretário Alexandre Silveira.
A luta das autoridades é para que o automóvel seja usado de forma racional, mas a batalha será árdua. Que o diga o técnico de desapropriação Davidson Veloso, de 51 anos. “Mesmo com congestionamento, prefiro ir de carro. O transporte coletivo é um lixo”, avalia.
Pior no futuro
Para José Aparecido Ribeiro, consultor em assuntos urbanos, a tendência é piorar, uma vez que será difícil atrair usuários.
“O transporte de massa de boa qualidade dá condições de deslocamento em condições confortáveis, o que acontece nos ônibus do BRT. Mas as linhas alimentadoras do sistema continuarão a ser os veículos existentes. E o carro é o sonho de consumo do brasileiro”.
A pesquisa estará na íntegra, na sexta-feira, no site www.metropolitana.mg.gov.br.