(AMADEU BARBOSA)
De mata virgem a selva de pedra. O bairro Jardim América, na zona Oeste de Belo Horizonte, corre o risco de perder a última área verde que resiste ao avanço da verticalização na região.
Uma construtora quer transformar o espaço de aproximadamente 21,5 mil metros quadrados em um grande empreendimento imobiliário. Será uma edificação mista, com duas torres, 23 pavimentos, pilotis, três níveis de garagem, 276 apartamentos e 552 vagas. Além disso, no andar térreo será instalada uma área comercial, com 23 lojas, 48 salas e 200 vagas de garagem descobertas.
Indignados com a possível devastação do terreno, que abriga vegetação e animais variados, moradores se mobilizam para tentar impedir a degradação. Dois abaixo-assinados pedindo a preservação do espaço foram protocolados junto à Promotoria de Justiça e Defesa do Meio Ambiente e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Alternativa
A comunidade até admite uma nova ocupação da área, desde que a fauna e a flora não sejam agredidas. Também reivindica a instalação de um parque ecológico.
Coordenador do movimento contrário ao empreendimento, João Batista da Silva, de 65 anos, diz que a preocupação extrapola a questão do meio ambiente e os consequentes impactos ambientais.
“Além de perder uma área verde, vamos ter inúmeros reflexos negativos, como o aumento do trânsito de veículos e pessoas e da violência na região”, reclama o representante dos moradores.
Ele ressalta que o bairro, criado em 1941, tem ruas estreitas e pouca vazão de água. O aumento populacional, teme João Batista, pode sobrecarregar de forma significativa a rede de esgoto.
“A galeria da avenida Barão Homem de Melo, por exemplo, já não suporta o volume de chuva”, destaca o morador, acrescentando que a comunidade também recorre às redes sociais da internet para articular um movimento contra a eventual concessão de licenciamento urbanístico para o projeto.