(Clarissa Carvalhaes)
Os moradores do distrito de Bento Rodrigues, um dos mais atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro do ano passado, se mobilizaram na internet contra a proposta de construção de um dique na localidade para ajudar na contenção dos rejeitos que ainda vazam do antigo reservatório. A petição online pode ser acessada no site Avaaz.org, tradicional plataforma para ações do tipo.
"Reconhecemos a importância de que os rejeitos que ainda permanecem em Fundão sejam contidos para evitar o carreamento para o Córrego Gualaxo. No entanto, acreditamos que outras soluções de engenharia podem ser usadas sem prejuízo à comunidade de Bento Rodrigues, diferentemente da construção do dique S4. Solicitamos assim que a empresa nos apresente outras alternativas de engenharia que não venham a agravar ainda mais os danos já sofridos por essa população", diz parte da postagem.
A construção do dique S4 era uma das estratégias da empresa para a contenção da lama que ainda segue vazando de fundão. Contudo, achados com potencial arqueológicos motivaram a manifestação do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Segundo o Iphan, o muro encontrado faz parte do complexo da igreja de São Bento, que é tombada pelo patrimônio histórico. O ofício, também encaminhado ao Promotor de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, Marcos Paulo Miranda, ressalta que é fundamental que a comunidade de Bento Rodrigues seja respeitada em seu direito à memória e lembra que o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Mariana deliberou pelo tombamento provisório do Distrito de Bento Rodrigues.
Por meio de nota, a Samarco informa que "considera a construção do dique S4 crucial para a contenção de novos carreamentos no próximo período de chuvas. É importante esclarecer que as demais alternativas que foram estudadas demandam um prazo de execução maior que o disponível até o próximo período chuvoso.
Com o dique S4, que é uma estrutura temporária, haverá o alagamento de uma área de Bento Rodrigues já impactada e parte de um muro de pedra, que será "envelopado", o que o manterá intacto até que o dique seja desativado e as águas baixem. A Samarco reitera que o dique S4 não afetará as casas da área que não foi impactada pelos rejeitos, além da igreja e do cemitério. A empresa informa que está buscando as aprovações com os órgãos competentes para a execução da obra.
A empresa reafirma que os diques – aliados à construção do Eixo 1 e de Nova Santarém e das demais obras já realizadas– são as estruturas necessárias para a contenção definitiva do rejeito ainda existente na área de Fundão, bem como para reduzir ainda mais os níveis de turbidez da água."