Moradores de BH enfrentam falta de água

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
24/09/2014 às 07:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:20
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

O racionamento de água já entrou na rotina de moradores de três regiões de Belo Horizonte, embora a Copasa reitere que “o atendimento à população permanece normalizado”.

Nos bairros Caiçara e Padre Eustáquio (Noroeste), Santa Teresa, Esplanada e Sagrada Família (Leste), Buritis e Jardim América (Oeste), o Hoje em Dia ouviu relatos sobre contínuos cortes no fornecimento de água sem qualquer aviso da empresa.

Moradores e comerciantes reclamam que não são comunicados sobre a situação real de desabastecimento e cobram campanhas educativas para que a população aprenda a economizar água. Para eles, a mudança de atitude é fundamental.

Uma das principais vias do bairro Sagrada Família, a rua São Roque tem um grupo de moradores que enfrenta a falta de água há semanas. Na última sexta-feira (19), 164 crianças de uma creche conveniada à prefeitura voltaram para casa porque não havia água no Centro Infantil Berenice Catão.

A coordenadora da unidade infantil, Valéria Assis Caldeira, lamentou não ter atendido as crianças, com idades entre quatro meses e 5 anos. Para as funcionárias, virou rotina carregar na cabeça o balde com a água que buscam na vizinhança para lavar vasilhas.

“Na segunda-feira(22), todas as crianças saíram sem banho por falta de água. Nesta terça (23), vai ter água pelo menos para o banho das 14 crianças do berçário”, disse Valéria. Segundo a educadora, a situação exige que a Copasa faça campanhas para evitar que as pessoas varram a sujeira do passeio com a mangueira d’água.

DUAS REDES

O curioso é que falta água apenas no lado ímpar da São Roque: do outro não houve corte no fornecimento. Reclamando da Copasa, moradores afirmam se tratar de duas redes diferentes. A empresa, segundo eles, respondeu que o abastecimento estava normal.

“Antes, a água acabava às duas da tarde, mas voltava de madrugada. Agora, não volta mais”, afirmou Efigênia Ferreira, de 84 anos. A moradora, que vive no bairro há 50 anos, conta que raras vezes faltou água no local. A idosa telefonou para a Copasa e a atendente informou que a situação era normal. “Não sei que normal é esse”.

“Á água chega fraca mesmo. Na semana passada faltou água durante dois dias”, disse Ernesto Moreira Silva, de 41 anos, que abriu há um mês um açougue do outro lado da rua em que mora. “Até fiquei com medo de ser multado pela Vigilância Sanitária”.

SEM AVISO

Segundo a comerciante Viviane Marques, que mora no bairro desde 1999, em anos anteriores a Copasa avisava se haveria corte no abastecimento.

“Agora, tem faltado pelo menos duas vezes por semana, sem nenhum alerta”.

Resposta deixa dúvidas em consumidor

Para o sociólogo Hélio Rodrigues de Oliveira Júnior, morador da rua Tuiuti, no Padre Eustáquio, a Copasa adotou uma “resposta-chave” para justificar a falta de água: um problema emergencial no sistema produtor do Rio das Velhas.

Ele conta que, na quinta-feira, ficou sem o serviço do meio-dia até a madrugada de sexta. No sábado também não havia água. Segundo Hélio, a resposta foi do setor de engenharia da Copasa, mas os funcionários que atendem o cidadão não conseguem explicar o que seria esse “problema emergencial”.

O sociólogo disse que à medida que a Copasa não admite a falta de água, ela deixa de prestar um serviço ao cidadão, dando a entender que o problema atinge só São Paulo e o Nordeste. “Parece que está tudo bem. Isso permite a qualquer um, sem consciência, gastar mais do que deveria, simplesmente porque pode pagar”.

Na rua das Oficinas, no bairro Esplanada, na tarde dessa terça-feira (23), um caminhão-pipa a serviço da Copasa retirava água de um hidrante. O motorista informou que os 8 mil litros seriam levados para postos de saúde da região. O engenheiro Cleber Oliveira, responsável pelo distrito Sul da Copasa, situado no Esplanada, informou que recebe até 50 ordens de serviço por dia para reparo, manutenção e consertos na rede de água.

No bairro Esplanada, motorista de caminhão-pipa abastece o veículo em um hidrante. Foto: Carlos Rhienck/ Hoje em Dia

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