Seis famílias que moram em um prédio de três andares no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, acordaram assustados na madrugada desta terça-feira (9), após um desmoronamento em obra derrubar um muro.
Com o impacto da queda, o terreno ficou abalado, sofreu trincas e ocorreu outro deslizamento em seguida. Um carro que estava no local acabou caindo junto com a terra do barranco, poucos instantes depois de o proprietário tentar retirá-lo.
“Quando fui ao estacionamento, por uma questão de sorte, vi uma grande rachadura do piso. Entrei no veículo, mas em seguida ouvi um barulho forte e senti o carro balançar. Desci e dois minutos depois o piso cedeu, levando o carro junto”, contou o médico e morador do edifício, Genilson Rezende Oliveira.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incidente ocorreu por volta das 5 horas em uma construção na rua Tuiuti, quase esquina com a rua Henrique Gorceix. Márcia Martins, que vive no prédio ao lado, foi uma das primeiras a acordar e, preocupada, avisou os vizinhos sobre a situação.
"Acionamos o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil imediatamente, além de deixarmos os apartamentos. Os bombeiros disseram que não é preciso nos preocuparmos, mas nós estamos com medo e vamos aguardar o laudo sobre a condição do terreno", explica.
Os moradores alegam que no terreno onde acontecem as obras haviam duas casas antigas que foram demolidas há cerca de oito meses. Porém, há dois dias foram feitas escavações, o que pode ter sido uma das causas do desabamento, conforme o vistoriador da Defesa Civil, Nilson Luiz da Silva.
“A estrutura do prédio está estável e não apresenta problema. Os danos estão restritos a divisa do muro, em função da escavação. Alguns cuidados e procedimentos deveriam ter sido adotados antes da escavação, o que não foi feito”, afirmou o vistoriador, ressaltando que o estacionamento será reavaliado para ver se ainda haverá condições de passagens dos carros após a retirada completa do muro que desabou. Do contrário, ficará interditado.
“Tem que existir uma estrutura de contenção de toda terra para depois acontecer a vedação que é o fechamento normal entre os imóveis”, acrescentou Nilson. “Os trabalhos tem que ser intensificados com ênfase na estrutura de divisa. Parar a obra significa colocar em risco as outras estruturas.”
Após o incidente, a população desceu para a rua e só retornou aos apartamentos quando foi liberada pela Defesa Civil. Mesmo assim, muitos residentes continuam preocupados. Márcia está em alerta e já pensa em deixar a casa definitivamente, por precaução. "Eu já avisei ao condomínio que vou mudar se a construção não parar. Não posso ficar aqui com duas crianças pequenas", reclama.
A última fiscalização na obra teria sido feita cinco dias antes do fato, conforme o selo do CREA-MG colado na placa em frente à construção. O engenheiro responsável pelas obras da Construtora SPEL Empreendimentos estava no local, mas não quis se pronunciar. Apesar do susto, ninguém ficou ferido e o único dano foi relativo ao automóvel que caiu do barranco.