Moradores pedem justiça após morte de homem com tiro calibre 12 dentro de viatura da PM em BH
Homem resistiu à prisão e foi baleado por policiais no último sábado (5)
Manifestação foi realizada na noite de ontem, por conta da morte do homem dentro da viatura da PM (Reprodução/Redes Sociais)
Familiares e amigos de um homem de 34 anos, morto após ser atingido por um disparo de espingarda calibre 12, carregada com monição de borracha, durante uma ação policial no último sábado (5), protestaram na noite dessa segunda-feira (7), no bairro Jardim Leblon, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Os manifestantes colocaram fogo em pneus e fecharam as ruas Coronel Antônio Lopes e Central.
A operação policial que resultou na morte do homem ocorreu no último sábado (5). De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), os policiais receberam uma denúncia de que o suspeito teria escondido uma bolsa cinza com grande quantidade de drogas em um bar ou em um lote ao lado do estabelecimento.
Os militares se dirigiram até o estabelecimento, mas não encontraram a bolsa. Os agentes questionaram a dona do bar sobre o lote e foram até lá com ela. Em meio ao lixo e entulho, os policiais encontraram a bolsa cinza com quatro barras de maconha. A dona do bar afirmou que a droga seria do “pessoal da Marrocos”, boca de fumo na região.
Após isso, os policiais teriam avistado o suspeito, que segundo o BO, era “descrito na denúncia como proprietário da droga”, e o abordaram. “Informado que ele era o dono do material, o autor, de forma extremamente alterada, começou a gritar os seguintes dizeres: ‘Vocês não vão me levar, ninguém vai ser preso aqui não: vocês são vermes! Vão procurar outro para forjar’”, diz trecho do BO.
O suspeito ainda teria tentado fugir e, conforme o documento, os policiais deram voz de prisão a ele por desacato. No entanto, o suspeito resistiu e teria agredido os militares com chutes.
Os militares utilizaram armas de choque contra o suspeito, que continuou resistindo, até depois de ter sido colocado dentro da viatura, impedindo o fechamento da porta com os pés.
O BO relata que a medida que o tempo passava, o suspeito “inflamava cada vez mais” os moradores que estavam acompanhando a ação policial.
“O sargento então, certo de que a cada segundo que passava aumentava o risco a sua integridade física e de sua equipe, uma vez que Michael exercia papel de liderança no local, determinou que um dos soldados pegasse a espingarda calibre 12”, carregado com bala de borracha, conforme descreve o BO.
“O soldado pegou o armamento e realizou um único disparo consciente e direcionado à perna de Michael na tentativa de quebrar a resistência do autor”.
Mesmo após o disparo, o suspeito continuou resistindo, até que chegaram mais militares no local, que conseguiram fechar a cela da viatura e deter o homem. Ele foi conduzido a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Venda Nova.
De acordo com o registro, o homem foi socorrido com vida e morreu 40 minutos após o início do atendimento. Um vídeo gravado pelos moradores foi postado nas redes sociais.
A Polícia Civil informou que o corpo do homem foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal e, em seguida, liberado aos familiares. A PC ainda relatou que "aguarda a finalização dos laudos que subsidiarão a investigação que apura a causa e circunstâncias da morte".
Já a Polícia Militar informou que diante da resistência ativa imposta pelo preso, foi necessário o uso de força para contê-lo. A Corregedoria da PM relatou que acompanhou o registro da ocorrência e que os fatos, bem como suas circunstâncias, serão devidamente apurados.
*Estagiário, sob supervisão de Gledson Leão
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