Moradores se mobilizam e recuperam igreja de São José da Lagoa

Daniel Antunes - Do Hoje em Dia
01/08/2012 às 12:30.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:01
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

NOVA ERA – Um patrimônio salvo pela união e esforço da comunidade. Moradores de Nova Era, na região Central do Estado, cansados de esperar a ação do poder público e assustados com a degradação da igreja matriz de São José da Lagoa, cartão-postal da cidade, se mobilizaram e conseguiram arrecadar R$ 50 mil para as obras de recuperação do bem.

Todo o acervo histórico da igreja foi protegido contra ataques de cupins. A construção do século 18, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 17 de março de 1953, recebeu tratamento especial para evitar que a praga destruísse o imóvel e suas peças.
O serviço de imunização durou seis meses e foi feita ainda a limpeza das peças sacras. O dinheiro foi arrecadado por meio de doações, venda de rifas e festas realizadas na cidade.

Durante o trabalho de imunização, as celebrações foram suspensas. “Os moradores abraçaram a causa. Ver essa igreja totalmente recuperada eleva a autoestima do município”, disse o historiador Elvécio Eustáquio da Silva, de 67 anos. “O patrimônio estava seriamente ameaçado pelos cupins. Além disso, a igreja recebe grande quantidade de poeira e fuligem que chega da BR-381 e, se não for feita a limpeza da forma correta, as peças vão perdendo o brilho”, explicou.

Em busca de riqueza

A igreja foi construída em estilo rococó, no alto de um morro, de onde é possível ver o traçado sinuoso do rio Piracicaba. As obras teriam começado por portugueses e bandeirantes paulistas que chegaram à região em busca de ouro. Não há registros oficiais do início da construção do templo. No entanto, a escritura pública, datada de 1753, lavrada no cartório de Catas Altas, cita a doação de terras feita por Domingos Francisco da Cruz para a construção de uma nova capela no Arraial de São José da Lagoa – hoje Nova Era. “Os primeiros habitantes que chegaram aqui trouxeram a fé e a religião”, afirmou Elvécio.

As escadarias da igreja são de pedra-sabão. O assoalho de madeira preserva as características originais. O altar-mor foi entalhado pelo português Francisco Vieira Servas (1720 – 1811). As paredes são de adobe (um tipo de tijolo que não é queimado em forno) e a estrutura é de madeira braúna, retirada das matas da região e transportada para o alto da ladeira em lombos de mulas.

No pavimento superior da igreja ficam as tribunas. No interior, a decoração em ouro e as pinturas dos séculos 18 e 19 impressionam turistas que visitam o local. O conjunto tem nos altares as imagens de São Francisco, Sant’Anna, São João Batista, São Sebastião, Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito. No altar-mor destaca-se a imagem do padroeiro da cidade, São José. “Debaixo do assoalho estão enterrados antigos moradores da cidade. No lado de fora da igreja foram sepultados escravos”, contou Elvécio.
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