De acordo com a Vale, cerca de 40% dos rejeitos da barragem B3/B4, em Macacos, já foram retirados (Reprodução/Google Earth)
Impedidas de voltar para suas casas na área de risco em Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), 108 moradores continuam alocados em dois hotéis de Belo Horizonte e duas pousadas em Macacos, desde o último sábado (16).
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18), o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, explicou que existem duas empresas contratadas pela Vale para atestar a segurança da barragem. "Uma delas atestou, mas a outra não. Houve uma discordância de opiniões e por este motivo o nível de segurança da estrutura passou para 2, exigindo a articulação imediata de evacuação".
Ele cita ainda o Plano de Ação de Emergência para Barragens (PAEBM) da empresa, que faz uma projeção da lama de rejeitos em forma de mancha caso a barragem se rompa. "Esta mancha não chega a pegar toda a vila de Macacos, mas pega a parte baixa", diz.
Para que os moradores possam voltar definitivamente para as casas, é preciso que haja um novo laudo de segurança emitido pela Vale, e este documento deve ainda passar pela análise da Agência Nacional de Mineração. Só depois disso, e com a segurança devidamente atestada e comprovada, é que as pessoas terão autorização para retornar.
Vias vão começar a ser liberadas
Com os cinco acessos à cidade bloqueados, a passagem só tem sido permitida pelo Condomínio Pasárgada, mas tem acontecido uma flexibilização por parte da Polícia Militar para liberar o acesso em casos específicos.
"Os cinco acessos estão bloqueados para que as pessoas não transitem livremente nestas áreas quentes, já que, caso haja um rompimento, a lama irá passar por ali e levar todo mundo. É uma questão preventiva. Mas, a partir de agora, vamos flexibilizar o acesso das pessoas nesses pontos. Vamos colocar ali funcionários da Vale com rádio e equipamentos para monitorar, além de policiais, para que dentro da segurança e em casos específicos, como pessoas que precisam de atendimento médico, uma gestante por exemplo, possam passar", explica o coronel Antônio Balsa, comandante da 3ª Região da PM.
Segundo ele, a ideia é que as pessoas possam ir voltando às rotinas gradativamente, mas com responsabilidade. "A PM está sensível à situação das pessoas, como por exemplo, dos comerciantes que precisam ir ao Ceasa e tem que passar pelo caminho mais longo, gastando mais tempo e combustível. É por isso que está havendo essa flexibilização e a PM vai tratar caso a caso para liberar ou não os acessos", explica.
Nesta segunda (18), o acesso por Capela Velha já está sendo liberado para o trânsito de pessoas e a partir desta terça (19), a expectativa é que o acesso pela MG-150 também esteja livre. Além disso, conforme Balsa, houve um recuo no principal acesso a Macacos, a BR-040. "Nós recuamos este ponto até depois da entrada do bar do Marcinho, muito conhecido na região", conclui.
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