Homem morreu durante a jornada de trabalho na Fazenda Guaribas, de propriedade do ex-prefeito e um dos condenados pela Chacina de Unaí
Imagem ilustrativa de uma máquina agrícola (Divulgação/PCMG)
A Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais (SRTE-MG) investigará a morte de um trabalhador de 40 anos, que foi esmagado por uma máquina agrícola no dia 7 de maio. O acidente ocorreu durante a jornada de trabalho na Fazenda Guaribas, localizada na Rodovia MGC-251, a 40 km de Unaí, propriedade de Antério Mânica.
Em comunicado, a SRTE-MG informou ter acesso à Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) que foi emitida, documento que contém detalhes sobre o incidente fatal.
"De posse de todos os dados, a SRTE/MG fará uma apuração muito responsável e cuidadosa para definir toda a dinâmica do acidente fatal e prestará maiores informações tão logo o processo de investigação da fiscalização seja concluído", conclui a nota.
O trabalhador atuava na fazenda de Antério Mânica, que faleceu na última quinta-feira, 15 de maio, aos 77 anos, em Brasília (DF). O ex-prefeito de Unaí estava internado no Hospital Sírio Libanês, onde tratava um câncer no pâncreas, além de diabetes e hipertensão.
Antério Mânica ficou conhecido nacionalmente por ter sido condenado como mandante do assassinato de três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e de um motorista, em 2004, no caso que ficou conhecido como Chacina de Unaí.
Sua trajetória judicial foi marcada por reviravoltas: ele foi condenado em novembro de 2015 a 100 anos de prisão, mas a sentença foi anulada em 2018 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que determinou um novo julgamento. Em maio de 2022, Mânica recebeu uma nova condenação, desta vez a 64 anos de prisão por quádruplo homicídio triplamente qualificado, com direito a recorrer em liberdade.
Em novembro de 2023, a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) aumentou a pena para 89 anos e determinou a execução imediata da punição. Em setembro de 2024, após a Justiça ordenar sua prisão imediata e de seu irmão, Norberto Mânica (também condenado pelo crime), ele se entregou à Polícia Federal em Brasília. Em novembro do mesmo ano, devido a problemas de saúde, Antério obteve autorização para cumprir prisão domiciliar.
O crime, que ficou conhecido como Chacina de Unaí, ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na zona rural do município. Três auditores fiscais do trabalho – Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves – e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados em uma emboscada. As vítimas investigavam denúncias de trabalho escravo na região. Os irmãos Antério e Norberto Mânica foram apontados como mandantes do crime.
Leia mais: