Motorista de reboque que foi morto por delegado em BH não acelerou o caminhão, diz perícia da PC
O resultado de uma perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas comprovou que o motorista de caminhão reboque, Anderson Cândido Melo, não acelerou o veículo em direção ao delegado Rafael de Souza Horácio, que deu um tiro na vítima.
O laudo divulgado nesta quarta-feira (14) contesta a versão do policial, que declarou em depoimento que Anderson teria "jogado" o caminhão contra ele e que teria atirado em legítima defesa.
Anderson foi morto em 26 de julho na avenida do Contorno, próximo ao viaduto Oeste, na região Central de Belo Horizonte, durante uma briga de trânsito.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) divulgou trecho do laudo, relatando que "atestou a dinâmica de movimento do veículo caminhão Cargo, com base no tacógrafo, desde sua desaceleração e parada total, com motor mantido em rotação mínima por cinco segundos, seguido por um deslocamento de 1 km/h, compatível com um 'tranco', e o desligamento do motor, permanecendo assim até o acesso da perícia".
Em depoimento, o delegado Rafael Horácio afirmou que a viatura descaracterizada teria sido fechada pelo caminhão reboque e, por isso, ele acelerou e parou em frente a Anderson Cândido Melo, identificando-se como policial e ordenando que o motorista descesse do veículo. A vítima teria desobedecido e acelerado o caminhão contra a viatura. Nesse momento, o delegado fez o disparo.
Em agosto, uma decisão do STJ manteve a prisão do policial, por ser considerada importante para a preservação da ordem pública. Há indícios de que o delegado "teria alterado a cena do crime".
Rafael Horácio foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais por homicídio qualificado, por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima.
Leia Mais: