Motorista do Move passa mal ao volante e provoca acidente com 14 veículos em BH

O possível cochilo de um motorista do Move ao volante provocou um grave acidente na manhã desta terça-feira (2) na região Hospitalar de Belo Horizonte. Depois de perder o controle da direção, o ônibus desgovernado atingiu e arrastou treze veículos.

A batida ocorreu na esquina da avenida Alfredo Balena com Praça Hugo Werneck, no bairro Santa Efigênia, região Leste da capital. Algumas pessoas ficaram feridas levemente. Dezoito vítimas, conforme a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), foram socorridas em estado de choque. Dez ficaram em observação no Hospital das Clínicas e outras oito foram levadas para o Pronto-Socorro (HPS) João XXIII.    

O condutor do ônibus confirmou a causa do engavetamento. "Eu vim trabalhar com dores no corpo e de cabeça. Tomei um Dorflex. A última lembrança que tenho é na Francisco Sales. Quando acordei a batida já tinha acontecido", contou Ramon Apolinário de Lima, de 29 anos.

Ele é motorista de ônibus há três anos e meio e disse que nunca tinha sofrido nenhum acidente. Ele havia pegado serviço às 5 horas e estava na segunda viagem. No momento do acidente havia cerca de 70 passageiros no ônibus. Ramon foi encaminhado para o HPS, onde passou por exames.

O cobrador, no entanto, afirmou que o motorista ficou o tempo todo de olho aberto, mas paralisado. "Eu o chamava e ele não atendia. Ficou grudado no volante sem saber o que estava acontecendo", disse Napoleão Jorge, de 39 anos.

Com o impacto da batida, o Move da linha 82 (Estação São Gabriel) foi parar na calçada. Por causa do acidente, a BHTrans interditou a avenida no sentido Centro, próximo ao Hospital das Clínicas. O trânsito está caótico, com reflexo em várias outras regiões da capital.    

Motorista do ônibus disse que cochilou ao volante. Créditos: Samuel Costa/ Hoje em Dia

Conforme a empresa que gerencia o trânsito na cidade, os motoristas que pegam a rua Pernambuco para entrar na avenida Alfredo Balena devem fazer o desvio pela avenida Carandaí. Já quem acessa pelas avenidas dos Andradas e Bernardo Monteiro tem que passar pela avenida Brasil.

Ainda de acordo com a BHTrans, a retenção na avenida dos Andradas, no sentido hospitais, vai até a rua dos Carijós.

Por volta das 10h40 os veículos envolvidos no acidente foram removidos da via e duas pistas liberadas para o tráfego.

Trânsito ficou caótico na região hospitalar devido ao acidente (Crédito: Joel Azevedo/Hoje em Dia)

Susto

Os motoristas dos carros que foram atingidos pelo ônibus relatam que o momento foi de pânico. O Palio do representante comercial Ricardo Diniz, de 52 anos, foi um dos primeiros a ser arrastado pelo Move arrastou. “Ele bateu no primeiro carro, depois no segundo e quando vi que ele iria bater no meu. Eu só segurei firme no volante e esperei a pancada”, relatou. Ricardo tinha acabado de deixar as duas filhas na escola e estava sozinho no veículo.

Já o farmacêutico Marcelo Vieira, 45, relatou que a esposa dirigia o Línea, quando o acidente aconteceu. Os filhos de 9 e 7 anos estavam dentro do automóvel. “Ela me ligou e contou sobre o que havia acontecido. Ela disse que olhou no retrovisor e viu o Move arrastando todos os veículos da avenida. Meus filhos estão chorando e muito abalados”, disse.

O taxista Marcos dos Reis, 33 anos, foi um dos que teve o veículo mais danificado. Ele tinha acabado de deixar uma passageira em frente ao Hospital das Clínicas, quando o ônibus bateu em seu veículo. O carro rodou na pista e teve a parte traseira totalmente destruída. “Tentei acelerar e arrancar, mas não deu tempo. Ainda bem que não tinha ninguém no banco de trás”, contou aliviado.

Sindicato dos motoristas

De acordo com o diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores de transporte Rodoviário de Belo Horizonte e Região, Carlos Henrique Marques, é comum motoristas ficarem com medo de faltarem e depois entregarem um atestado médico. “Há empresas que questionam o atestado. Por isso muitos trabalhadores evitam faltar”, afirmou.

Segundo ele, atualmente 10% dos profissionais da categoria está afastada e 30% trabalhando, mas com problemas de saúde como depressão, dores nas costas, entre outros.
 

Atualizada às 12h00