(Whatsapp/ Divulgação)
Motoristas de aplicativos de transporte de Belo Horizonte e Região Metropolitana aderiram a uma paralisação mundial, nesta quarta-feira (8), por melhor remuneração das plataformas de transporte por app. Entre as demandas dos motoristas estão o aumento no preço da tarifa mínima, atualmente fixada em R$ 4,46, para R$ 7 e reajuste do valor pago ao condutor. Além disso, os motoristas também solicitam uma revisão na taxa retida pelos aplicativos de transporte. Atualmente o percentual que fica com as empresas é de cerca de 30% e os condutores pedem que o índice seja reduzido a 12%. Uber, 99 e Cabify são os principais alvos das reclamações. Em BH, o protesto ocorre em dois pontos: nos arredores do Mineirão e da Praça do Papa.
Segundo a BHTrans, uma fila com diversos carros formou-se na avenida Coronel Oscar Pascoal, na Pampulha. Por lá, o protesto não causa interferência no trânsito. Na Praça do Papa o movimento de motorista é tímido e também não compromete o tráfego. "A manifestação segue pacífica", destacou a empresa que gerencia o trânsito na capital. A reportagem do Hoje em Dia simulou deslocamentos nas três plataformas e o tempo de espera e tarifa estavam normais, sem alterações.
Um dos organizadores do protesto, Iori Takahashi, do Movimento de Motoristas por Aplicativos, informou que os trabalhadores estão preparando um abaixo-assinado com as reivindicações para entregar, via notificação extrajudicial, às empresas. Os manifestantes alegam que os valores repassados aos condutores são baixos. Além disso, os trabalhadores queixam-se da alta do combustível, que pode chegar a R$ 5,19 na capital mineira. A junção de fatores, conforme os manifestantes, acelera os gastos e alonga as jornadas de trabalho. "Isso sem contar que temos que gastar com a manutenção dos veículos", argumentou o motorista Ronaldo Jorge, de 47 anos.
O motorista Lainnio Soares, que atua no transporte por aplicativo desde 2014, disse que no início chegava a arrecadar R$12 mil trabalhando nas plataformas. “Hoje para tirar R$ 4 mil tem que trabalhar cerca 12 horas por dia”, reclamou Soares.Lainnio disse que a intenção é que a paralisação dure 24h. “Hoje temos aproximadamente 50 mil motoristas na Grande BH e estamos convocando todos para aderirem ao movimento”, acrescentou. "Nosso objetivo não é prejudicar a população. Queremos reivindicar aos aplicativos porque não dá mais para ficar com tarifa mais barata que ônibus principalmente com o preço alto da gasolina".
O motorista Tiago Henrique Nazário, de 26 anos, reclama que muitas vezes tem que pagar para trabalhar. “O combustível está acima de R$ 5 e, às vezes, a corrida fica neste valor, sendo que a Uber ainda desconta a taxa dela”, lamentou. Ele explica que além do aumento da tarifa, o movimento também reivindica outros 12 pontos para melhorar as condições de trabalho da categoria. Dentre eles, mais rigor no cadastro dos usuários, melhor organização das filas de carro no Aeroporto de Confins e mais segurança para os motoristas.
Confira a lista de reinvidicações:
1- Reajuste do valor pago ao motorista em 30% (Quilometragem e Tempo)
2- Redução da taxa (%) para 12%
3- Valor mínimo (viagem) pago ao motorista R$ 7,00
4- Reajuste nos valores deverá ser baseado no aumento dos combustíveis (Gasolina)
5- Pagamento Taxa de cancelamento (principalmente quando o motorista já estiver em deslocamento).
6- O detalhamento do destino ao aceitar a corrida.
7- Direito de defesa ao motorista referente a bloqueios e exclusões (inclusive aos que já foram punidos)
8 - Taxa de deslocamento.
9- Tempo de espera máximo de 3 minutos
10- Fila Virtual no Aeroporto de Confins. (Criar para 99 e visualizar na Cabify)
11- Tarifa unificada para todo Estado sem distinção de localidade
12- Taxa de retorno quando se tratar de uma corrida acima de 90km
13- Melhorias no cadastro de Passageiros e Motoristas (mais segurança para ambos)
Protesto não é unanimidade
Já um condutor de 30 anos que não aderiu ao movimento e preferiu não se identificar com medo de represálias rechaçou as reivindicações dos colegas de profissão e disse que a Uber continua sendo vantajosa. “Rodo aproximadamente 8 horas por dia e, com o dinheiro que faturo no app, consigo pagar a faculdade, minhas outras contas e ainda a diária do carro, que é de aluguel”, contou.
Ele tornou-se motorista da Uber há cerca de oito meses após ficar um semestre desempregado. “Estou satisfeito. Sugiro que que quem não esteja que procure outro posto de trabalho”.
Posicionamento das empresas
A reportagem procurou a Uber, a 99 e a Cabify. A 99 informou que a remuneração de seus motoristas parceiros contempla duas variáveis: tempo e distância percorrida, além de uma tarifa mínima. Os ganhos do condutor são calculados de forma independente do valor pago pelo passageiro. A empresa reforça seu compromisso de trabalhar para aumentar a renda dos condutores por meio de um número maior de chamadas e da cobrança de taxas menores em comparação à concorrência. Em relação às manifestações, a 99 é a favor da liberdade de expressão.
A Cabify informa que reconhece o direito da livre manifestação pacífica dos motoristas e busca continuamente o diálogo com seus stakeholders para oferecer uma plataforma de mobilidade que abranja as necessidades de todos. A empresa afirma que está sempre buscando melhorar o atendimento e a experiência dos motoristas parceiros e, por isso, eventualmente realiza ações e ofertas de benefícios, como descontos exclusivos em combustível em parceria com postos de gasolina para ajudar os motoristas a reduzir despesas e aumentar seus ganhos.
A Uber ainda não se pronunciou.