(Lucas Prates)
Capaz de provocar acidentes, deixar feridos e até matar, o excesso de velocidade é infração cometida, diariamente, até mesmo por motoristas de ônibus em Belo Horizonte. Em menos de dez meses, mais de mil multas por transitar acima dos limites estabelecidos na via foram aplicadas a coletivos, tanto públicos quanto privados. Os dados são do Detran-MG.
Na noite da última segunda-feira, um grave acidente deixou 43 feridos, após a batida entre três veículos do Move na capital. Passageiros alegam que o condutor estava em alta velocidade. O caso foi encaminhado à Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito, mas o inquérito só será aberto se houver uma representação em até seis meses, segundo a Polícia Civil. Já o sindicato das empresas diz que as causas “estão sendo investigadas”. Lucas Prates
Passageiros reclamam que ônibus do Move rodam em alta velocidade na pista exclusiva; na segunda-feira, acidente na via deixou 43 pessoas feridas
Relatos
Nesta terça, a equipe de reportagem do Hoje em Dia voltou ao local da colisão, na avenida Antônio Carlos, na altura do bairro São Francisco, na região da Pampulha. Usuários do transporte público foram unânimes em apontar que os abusos são rotineiros.
“Minha esposa já entra no coletivo e começa a rezar. Tem uns dois meses que caí dentro de um ônibus, porque o motorista estava correndo muito”, disse o aposentado José Miguel, de 78 anos. O homem também reclamou que nem mesmo os semáforos são respeitados.
As mesmas queixas foram feitas pela atendente Dayanne Borges, de 24 anos. Grávida de cinco meses, ela disse que na segunda-feira caiu no interior de um Move, após uma freada brusca. “Ainda tem o agravante que não dão lugar para gestante. O desrespeito vem tanto de quem dirige quanto dos passageiros”.
‘Inadmissível’
Consultor em transporte, Osias Baptista Neto afirma que é inadmissível condutor de ônibus ignorar as regras de trânsito, pois o comportamento, reforça o especialista, coloca em risco a vida de usuários e pedestres. “Ele é treinado e o regulamento é bastante detalhado. Tem que seguir, além da lei, as normas da concessão. Por isso, tem que ter muito mais rigor do que os demais motoristas”, avalia.
Osias Baptista ainda diz que as pistas exclusivas do Move foram criadas para que os coletivos evitem congestionamentos, e não para rodar acima do que é permitido. “O motorista tem que ser educado para não correr perigo. E, apesar de ter que cumprir um quadro de horário, tem que respeitar a velocidade da via”, acrescenta.