(Samuel Costa/Hoje em Dia)
A “invasão” de turistas estrangeiros já ganhou o título de movimentação recorde na Savassi. Tradicional reduto de bares, restaurantes e lojas, a região virou território para torcedores da Argélia e Bélgica, que se somaram a colombianos, americanos, argentinos, chilenos, alemães, holandeses e tantos outros das mais variadas nacionalidades. Esse mar de estrangeiros faz a alegria dos comerciantes. Entre um gole e outro de cerveja ou caipirinha, experimentam quitutes da culinária mineira e fazem compras em lojas e na feira instalada no quarteirão fechado da rua Pernambuco. Sócio-proprietário da Livraria Status, Gustavo Batista diz que jamais viu tanta gente reunida na Savassi, e por tantos dias. “É festa o dia inteiro. Eles chegam na hora do almoço e só vão embora à noite. As vendas mais que dobraram. Nunca vendemos tanto”, comemora. Cachaça mineira, caipirinha, linguiça apimentada e pastel de angu são os campeões de pedidos. Mas Batista também fatura com a venda de camisetas e bandeiras do Brasil na Status e na loja do Hexa, em frente à livraria. No Espetinho Savassi, as vendas cresceram 500%, segundo o proprietário Leonardo Souza. Juntos, os gringos compram cerca de 800 espetinhos por dia, ao preço de R$ 6 cada um. “Não imaginava que o movimento seria tão maravilhoso”, diz. Gerente de Marketing do Pátio Savassi, Rejane Duarte também vibra com a Copa do Mundo e o grande número de turistas consumidores que passam pelo centro de compras, deixando dólares. Eles não só passeiam pelo mall como gastam com alimentação e mercadorias. Paixão “Um grupo de árabes, por exemplo, comprou vários relógios na loja Now. Outro estabelecimento que faz sucesso é a Brasil Original, que comercializa artesanato mineiro feito por mais de 400 artesãos do Estado”, conta Rejane. A expectativa é a de que 30 mil pessoas visitem o espaço e mais de 15 mil peças sejam comercializadas até a despedida do Mundial. Para o diretor da Câmara de Dirigentes Lojista de Belo Horizonte (CDL-BH) para a Savassi, Alessandro Runcini, a concentração de hotéis na região favorece a permanência de turistas no local. “A praça está lotada. Com certeza, um segmento que disparou os lucros foi o da gastronomia”, diz. Por outro lado, lojas de roupas, óticas e papelarias não devem engordar o faturamento. “Os impostos não ajudam o Brasil a ter preços atrativos”, justifica. O melhor da festa, segundo Runcini, é colocar Belo Horizonte em uma vitrine para o mundo. Moradores de Nova York e Filadélfia, o gerente de banco Fahad Salem e o policial Afzal Ali, descendentes de paquistaneses, nunca tinham ouvido falar em Minas Gerais. Mas bastaram quatro dias na capital do Estado para se apaixonarem. “Não falamos uma palavra em português, exceto obrigado. Mas por onde vamos somos muito bem recebidos. A cidade é limpa e o povo alegre. Queremos voltar com nossa família”, diz Ali. Os amigos só se espantaram com o preço do energético e da água. “Está muito caro”, reclamam. Já a cerveja está mais em conta. E os presentes também. Salem gastou R$ 70 em brincos e pulseiras feitos de capim dourado, vendidos em uma das barracas da feirinha recém montada na Savassi. “São peças lindas”, elogiou o americano, que deve deixar em solo brasileiro US$ 200 por dia, fora a hospedagem. Os irmãos belgas Marc e Stephan provaram e aprovaram o torresmo e a carne. Depois de três dias em Belo Horizonte, eles seguem para o Rio e depois São Paulo. “Está tudo ótimo”, diz o caçula.