(Luiz Costa)
Quem usa a própria idade como desculpa para evitar uma guinada na vida pode se encolher de vergonha. Principalmente quando o assunto é comer direito. Homens e mulheres à beira dos 60 e até com mais de 70 anos ensinam que adotar uma dieta saudável é possível – e recomendável – a qualquer tempo. Depois de abraçar a reeducação alimentar, avisam: vitalidade nunca é demais. Que o diga Maria Lucia de Athayde Costa. Aos 71 anos, quando muita gente não se aventura sequer a trocar a marca dos produtos que consome, a dona de casa fã de torresmo e costelinha experimentou arroz integral. Gostou tanto do grão – feito em panela de pedra, com um fio de azeite após apagar o fogo – que o incorporou de vez ao cardápio, mesmo sob a desconfiança da família. “Minhas irmãs diziam: ‘Por que isso? Já estamos nos ‘enta’”, conta. Demorou pouco para os parentes entenderem que a novidade não era só um afago ao paladar, mas parte da mudança de vida que começou quando Maria Lucia entrou para um grupo de reeducação alimentar. O convite de uma amiga e a curiosidade levaram a idosa a participar, há seis meses, da primeira palestra, organizada pela Unimed BH. Após ouvir nutricionista, psicóloga e a experiência de quem estava na plateia, Maria Lucia se convenceu de que era hora de deixar alguns hábitos para trás em nome do próprio bem-estar. “O mais difícil foi abandonar costumes antigos”, lembra. Dentre eles, o de beber, sozinha, duas garrafas de café, rotina há três décadas, e o de comer doce após o almoço todo santo dia, ritual que na família dela atravessou gerações. “Não sou radical. Ainda como lombo de porco, por exemplo, mas me alimento com moderação, e não com aquela ânsia de me fartar. Aprendi que tudo o que é demais é um vício”. Foi com esse pensamento que a dona de casa trocou litros de café por duas xícaras e substituiu a sobremesa por frutas – antes, consumia só banana, muito de vez quando. Outra novidade foi o tempero caseiro com mais ervas e menos sal. O resultado veio rápido. “Não tenho a azia de antes nem a sensação de ficar empanturrada após a refeição. Minha disposição também aumentou muito. Quero dançar todo dia”. Analista de promoção da saúde da Unimed BH, Marcella Parreiras diz que o mais importante, quando se fala em reeducação alimentar, é tomar de fato a decisão de mudar. “Se a pessoa não estiver consciente, entrará apenas em mais uma ‘modinha’”. A nutricionista também não tem dúvidas de que em qualquer fase da vida é possível adotar essa postura mais saudável. Quem se dispõe ganha bem-estar, vitalidade, melhor funcionamento de órgãos como o intestino e até retarda o próprio envelhecimento.