Manifestação foi realizada no bairro Vila Oeste, próximo a uma filial da empresa em que o gari trabalhava
Trabalhadores levaram um grande cartaz com os dizeres: “Somos garis. Não somos lixo. Nossa única esperança é o TJMG e o MPMG" (Imagem cedida ao Hoje em Dia)
Um grupo de garis fechou o Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, para cobrar justiça pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, assassinado a tiros pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos. Na via, um cartaz foi estendido com a frase: “Somos garis. Não somos lixo. Nossa única esperança é o TJMG e o MPMG”.
Na marginal do Anel, um caminhão de coleta seletiva foi atravessado impedindo o fluxo dos veículos. Segundo relatos, motoristas que observavam a cena apoiaram o protesto pacífico buzinando os veículos.
A manifestação aconteceu na manhã desta quarta-feira (20), próximo à rua A, no bairro Vila Oeste, região Oeste da capital, próximo à uma das filiais em que Laudemir trabalhava. Na última segunda-feira (18), Renê confessou o crime durante um interrogatório na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
As informações foram divulgadas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) na terça (19). Segundo nota da corporação, o suspeito alegou que efetuou o disparo em razão de uma discussão de trânsito.
O inquérito policial do caso ainda não foi concluído. Conforme a Polícia Civil, ainda restam diligências a serem cumpridas e por isso a corporação ainda não trabalha com um prazo para finalizar o inquérito.
Assassino confesso de Laudemir, Renê destacou que a esposa, delegada da Policia Civil, não tinha conhecimento que ele estava com a arma particular da delegada, uma pistola, calibre .380, usada no crime.
A fala ocorreu no mesmo dia em que os advogados Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Vieira Pereira, responsáveis por defender o empresário, deixaram o caso por motivo de foro íntimo.
Segundo o advogado Leonardo Guimarães, o fato ocorreu após uma conversa reservada com o empresário nessa segunda-feira (18). Agora, o acusado, que está preso preventivamente, terá que apresentar um novo nome para a defesa. Caso não aconteça, caberá ao juiz responsável pelo caso nomear um defensor do estado.
A dispensa ocorreu um dia após imagens de circuitos de segurança mostrarem o empresário guardando uma arma, que seria da esposa dele - uma delegada civil - em um mochila no estacionamento do prédio onde mora, horas depois do crime.
Exames de balística realizados por peritos da Polícia Civil confirmaram que a arma usada no assassinato é a mesma que aparece nas imagens e foi apreendida na casa do empresário.
Laudemir de Souza Fernandes foi assassinado a tiros enquanto trabalhava no bairro Vista Alegre, região Oeste de BH. De acordo com a Polícia Militar, o empresário, suspeito do crime, teria disparado contra o profissional de limpeza na última segunda-feira (11). Ele ainda foi socorrido, mas não resistiu.
O empresário foi identificado por câmeras de segurança da região. Pouco tempo depois, foi preso em uma academia na Avenida Raja Gabaglia, que fica na mesma região onde ocorreu a tragédia.
Conforme denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o crime trata-se de um homicídio duplamente qualificado, pelo suspeito ter dificultado a defesa da vítima e a ação ter sido motivada por uma discussão banal. O órgão considerou que a “gravidade da conduta extrapola o que seria admitido como normal”.
Ainda segundo o MP, o promotor avaliou que, em juízo de probabilidade, eventual soltura do suspeito violaria a ordem pública.
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