Aplicação em escala comercial ainda depende de estudos complementares
Amadurecimento acelerado ocorre porque, ao ser colhida, a fruta continua respirando e produzindo etileno, um hormônio natural (Valter Campanato/Agência Brasil)
Feira feita e, em poucos dias, bananas estragadas. O amadurecimento acelerado é um dos principais desafios enfrentados na cadeia de distribuição, já que contribui significativamente para perdas. Isso ocorre porque, ao ser colhida, a fruta continua respirando e produzindo etileno, um hormônio natural. Para retardar esse processo, uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com outras instituições, criou um nanossachê biodegradável inovador, capaz de liberar, gradualmente, uma substância que inibe o etileno.
Os pesquisadores criaram o nanossachê a partir de um polímero biodegradável chamado Poliácido Lático (PLA), seguro para contato com os alimentos. O material foi transformado em uma manta de nanofibras por meio de uma técnica inovadora. Dentro dessas fibras foi encapsulado um composto responsável por bloquear a ação do etileno.
O material passou por diversas análises em laboratório, incluindo testes de estrutura, estabilidade térmica, composição química e interação com a água. A eficácia do nanossachê foi testada em bananas prata. Os resultados mostraram que as frutas mantiveram sua coloração, maior firmeza e menores perda de massa e da taxa respiratória ao longo de nove dias de armazenamento.
“A tecnologia pode ser aplicada, eficientemente, em bananas e outros frutos verdes, bem como no início do amadurecimento”, observa o orientador do estudo e professor da Escola de Ciências Agrárias de Lavras (Esal/UFLA) Eduardo Valério de Barros Vilas Boas.
O estudo também representa um avanço na aplicação de nanotecnologia no setor alimentício e contribui para o uso de materiais biodegradáveis, reforçando práticas sustentáveis. Por se tratar de uma tecnologia emergente, a aplicação em escala comercial ainda depende de estudos complementares. A equipe responsável afirma estar aberta a parcerias com empresas e instituições que queiram contribuir para o avanço da pesquisa e futura inserção no mercado.
Texto adaptado de Claudinei Rezende, da assessoria de comunicação da Ufla
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