Nova chance para os "sujões" da região Pampulha

Raquel Ramos - Hoje em Dia
18/10/2013 às 06:35.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:26

Caminha a passos lentos o plano da Copasa de fechar o cerco a proprietários de 5 mil imóveis da bacia da Lagoa da Pampulha que despejam esgoto na rede fluvial. Cinco meses após a companhia anunciar que os moradores estão sujeitos a notificações e multas superiores a R$ 2 mil caso não regularizem a situação, o projeto mal saiu do lugar, tornando mais distante a meta de despoluir o cartão-postal da capital.   Responsáveis pela fiscalização das residências, as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem aguardam que a empresa repasse a lista com o endereço dos “sujões”. A Copasa, no entanto, acredita que isso só será possível no início de 2014.   A demora é atribuída a um trabalho de conscientização que técnicos contratados pela companhia fazem junto aos proprietários.    “Muitos não têm conhecimento do prejuízo ambiental que provocam. Antes de notificá-los, tentamos sensibilizá-los sobre a situação”, explica Valter Vilela Cunha, representante da Copasa.   Idealizador e coordenador do projeto Manuelzão, Apolo Heringer teme que o atraso comprometa os planos da empresa. A promessa era reduzir em 95%, até dezembro, o volume de dejetos que caem no espelho d’água.   “Essa é uma ação elementar. Considerando que haja apenas um morador em cada endereço e que ele produza, em média, 110 litros de esgoto por dia (segundo estimativa da Copasa), serão 550 mil litros de dejetos lançados na lagoa diariamente, só por essas pessoas”.    Minoria   Dos 330 donos de imóveis com irregularidades na capital, 97 solicitaram a ligação das residências à rede de esgoto após o trabalho de conscientização. Dos 233 endereços restantes, somente 36 foram repassados à prefeitura.   A Vigilância Sanitária notificou os moradores, que têm até 24 de outubro para tomar providências. Os “desobedientes” estarão sujeitos a multas aplicadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Em Contagem, onde estão mais de 90% dos edifícios com ligações clandestinas, as visitas ainda são realizadas. Nem um morador foi notificado.    Poder público assume conscientização    Enquanto a Copasa não encaminha à Prefeitura de Contagem a lista dos moradores a serem notificados, o município realiza um trabalho paralelo de orientação aos cidadãos.   Até agora, donos de 110 residências da Regional Ressaca – dentro dos limites da bacia da Lagoa da Pampulha – já foram aconselhados a acabar com as ligações clandestinas.   A solução do problema em alguns trechos, no entanto, não depende dos moradores, afirma o secretário de Meio Ambiente da cidade, Ivayr Soalheiro.    “Há construções anteriores à instalação da rede de esgoto e que ficam abaixo do nível da rua. Nesses casos, os moradores não conseguem fazer a ligação porque precisariam bombear o esgoto, trabalho para um técnico da Copasa”, alega.    Sem captação   Em outros pontos, como na rua Macaúbas, no bairro Jardim Laguna, os moradores reivindicam há quase uma década a instalação da rede coletora. Um quarteirão inteiro ainda precisa recorrer a fossas. “Traz mau cheiro, ratos, insetos. E quando a fossa fica cheia, o esgoto corre a céu aberto. Já fizemos mais de dez abaixo-assinados e ainda não conseguimos resolver o problema”, diz Pedro Gomes de Souza, dono de um supermercado na rua.   Programa prevê 37 ações   A notificação dos moradores faz parte do Programa de Despoluição da Bacia da Lagoa da Pampulha, que inclui a construção de rede coletora e a implantação de interceptores ao longo dos cursos d’água para enviar o esgoto à estação de tratamento (ETE) Onça.   Vinte e três das 37 intervenções previstas já foram concluídas, segundo Valter Vilela Cunha, gestor do projeto.   A regularização da ligação de esgoto por famílias carentes será subsidiada pela Copasa.    Limpeza é tema de debate   A Comissão Especial de Estudo sobre Limpeza e Desassoreamento da Lagoa da Pampulha irá realizar uma audiência pública nesta sexta-feira (18), às 13 horas, na Câmara de BH. O objetivo é discutir as propostas técnicas para limpeza da água inscritas no edital de licitação publicado pela prefeitura em setembro.

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