Nova polêmica relacionada ao Enem gera apreensão em alunos antes da prova

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
01/12/2016 às 21:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:54
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Às vésperas da segunda aplicação do Enem, estudantes se encontram em meio a uma nova polêmica envolvendo o exame. O Ministério Público Federal (MPF) quer pedir a suspensão total da prova deste ano por causa do vazamento de informações. Apesar de o Ministério da Educação garantir que o teste não será cancelado, a incerteza toma conta tanto de quem já fez quanto de quem ainda fará a avaliação.

A estudante Luisa Melo, de 17 anos, que passou pela prova em novembro, teme o cancelamento do Enem. Com 123 acertos nas 180 questões, a jovem espera conseguir entrar no curso de arquitetura da UFMG, mas acredita que uma nova prova poderia ser mais difícil, diminuindo as chances de cursar uma instituição federal. 

“Dá um medo grande principalmente porque este é o ano que estou formando no colégio e, se for remarcado, provavelmente terei que fazer cursinho para recuperar o conteúdo, o que eu não quero. Não passar de primeira já seria ruim, mas ter que fazer de novo por causa de um vazamento seria ainda pior”, diz a jovem.

Mesmo sentimento de apreensão tem quem ainda vai fazer o Enem neste fim de semana. “É uma prova exaustiva antes mesmo de começar, porque precisamos nos preparar para qualquer imprevisto. Só a ideia de cancelar o exame já mostra uma falta de organização enorme e deixa a gente ainda mais apreensivo”, afirma o estudante Alexandre Tannure, de 18 anos.

Impactos

A polêmica sobre o vazamento pode abrir brechas ainda para questionamentos judiciais. “É direito de qualquer um bater na porta do Judiciário, mas acredito que não seria uma ação acolhida”, avalia o especialista em direito público Flávio Boson. 

Para ele, apesar de poder gerar demanda nos tribunais, não há embasamento para o cancelamento das provas já realizadas. “Por causa de duas pessoas já identificadas, que serão punidas, não se pode prejudicar milhões e pedir a anulação de todo o concurso, é preciso ter bom senso”, argumenta.

O MPF do Ceará afirmou ontem que a Polícia Federal concluiu que houve vazamento do Enem 2016. Relatórios da investigação apontam que as provas do primeiro e do segundo dias do exame, além da redação, vazaram antes do início da aplicação para pelo menos dois candidatos no Ceará. No documento, a PF conclui que houve crime de estelionato qualificado no caso.

Sem prejuízos

Conforme nota emitida ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Enem não será cancelado e a punição está restrita aos envolvidos nos casos de tentativa de fraude. “Ao contrário do que informou o procurador Oscar Costa Filho, do Ministério Público do Ceará, o inquérito não foi concluído”, diz a nota.

Segundo o Inep, os casos de tentativa de fraude identificados estão sob investigação e delimitarão a responsabilidade dos envolvidos e não há indício de vazamento de gabarito oficial. 

O Inep também afirma que as operações deflagradas em 6 de novembro, que resultaram na prisão de duas pessoas, são reflexo da ação conjunta com a Polícia Federal, e que trabalham em parceria para garantir a segurança e a lisura do certame. A autarquia “reitera o empenho de colaborar com a Polícia Federal para apurar os fatos, garantindo que não haja prejuízo aos participantes”.

Por meio da assessoria de imprensa, a PF diz que não iria se manifestar sobre o caso.

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