(REPRODUÇÃO / G1)
O núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC, movimentava de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês. O montante, identificado pela Operação Cravada, deflagrada nesta terça-feira (6), girava em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima e Pernambuco. Entre as diversas prisões realizadas pela corporação, está uma mulher de 27 anos que é associada à facção e que foi presa em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Segundo a Polícia Federal, os valores são relativos aos gastos da facção com a sustentação da "estrutura de rede montada em volta das cadeias", além da aquisição de drogas e armas. Para desmobilizar o grupo criminoso, cerca de 180 agentes federais cumprem 85 mandados, sendo 55 de busca e apreensão e 30 de prisão, nos estados alvos dos bandidos.
Até o momento, a PF fez 28 prisões - oito delas em presídios e duas em flagrante, durante a realização de buscas. Na casa da suspeita detida na cidade mineira, no bairro Morada Nova, os policiais apreenderam ainda "anotações pessoais de interesse da investigação". Conforme a PF, esta seria a quarta vez que a mulher é presa.
"A presa foi encaminhada ao IML para exames e posteriormente ao Presídio Jacy de Assis, onde permanecerá à disposição da Justiça", concluiu a nota divulgada pela unidade da PF em Uberlândia.
Rifas
De acordo com corporação, o núcleo financeiro da facção era responsável por recolher e gerenciar as contribuições realizadas por membros do PCC. O esquema consistia na arrecadação de valores, chamados de "rifas", que eram cobrados de dois em dois meses e, em alguns Estados do Brasil, como uma mensalidade.
O coordenador da operação, delegado Martin Purper, afirmou que a investigação encontrou planilhas que registravam a "contabilidade" da facção, inclusive com a indicação de dívidas. Segundo o delegado, as pessoas que deixavam de pagar as contribuições eram excluídas e deixavam de fazer parte da organização, ou, por vezes, aceitavam serem "castigadas para serem perdoadas" ou ainda "pagavam com a prática de crimes".
O repasse do dinheiro aos líderes da organização era feito em um esquema de "pirâmide", por meio de diferentes contas bancárias, indicou o investigador. Segundo a Polícia Federal, as 418 contas ligadas à facção identificadas e bloqueadas no âmbito da Cravada, são "de passagem", utilizadas para administrar valores e eram utilizadas de maneira alternada.
Os valores eram utilizados "para pagar a aquisição de armas de fogo e de entorpecentes para a facção, além de providenciar transporte e manutenção da estadia de integrantes e familiares de membros da organização em locais próximos a presídios", indicou a PF.
Bate-bola
A Justiça atendeu um pedido da investigação e determinou, se houver necessidade, a interrupção de visitas para os membros da facção para "impedir que os líderes continuem dando ordens de dentro dos presídios". A medida tem relação com o método utilizado pelos membros da facção, que utilizavam bilhetes, chamados de "bate-bola", para se comunicarem com os integrantes presos.
Segundo Purper, os bilhetes são uma das principais formas de comunicação das facções. O delegado também indicou que, nesta manhã, durante a operação, foram apreendidos bilhetes que ainda seriam levados para dentro de unidades prisionais.
O coordenador da Cravada também apontou que planilhas relacionadas às penitenciárias federais, "demonstraram que visitantes do presos recebiam valores como forma de contribuição por informações que entravam e saiam dos presídios". A corporação identificou R$ 311 mil de gastos entre os visitantes das penitenciárias federais por mês.
Os investigados podem responder pelos crimes de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico, organização criminosa, entre outros.
*Com Estadão Conteúdo