(Flávio Tavares)
Os acidentes no Anel Rodoviário de Belo Horizonte tiveram queda de 16% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2016, segundo o Batalhão da Polícia Militar Rodoviária. Apesar disso, a média mensal de ocorrências ainda preocupa. São pelo menos 90 registros a cada 30 dias.
Apontada como um dos maiores desafios no trânsito da capital, a via conecta as principais estradas que passam por BH, como a BR-040. Como a promessa de revitalização se arrasta há anos, o trabalho da polícia para se evitar acidentes é cada vez mais exigido.
Ciente desta necessidade, o comandante do Policiamento do Anel Rodoviário e da rodovia MGC-262, tenente Pedro Henrique Barreiros, traz um raio-x do local e fala dos abusos cometidos por motoristas.
Como é feito o patrulhamento no Anel Rodoviário?
O policiamento e a fiscalização acontecem 24 horas por dia. O objetivo não é atender somente os acidentes de trânsito, como também realizar fiscalizações rotineiras de acordo com Código Brasileiro de Trânsito e as resoluções do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). As estatísticas apontam alguns locais com maior índice de acidentes, onde o motorista comete abusos. O objetivo é sempre conseguir diminuir essas ocorrências e atender à sociedade e aos condutores.
Há muitos anos se fala na revitalização do Anel Rodoviário, mas isso nunca saiu do papel. Sem as reformas, o que pode ser feito para melhorar a rodovia?
Alguns pontos são específicos e necessitam de obras, como estreitamento de pista e viadutos. Somente com obras estruturais a situação vai mudar. Ele (Anel) foi construído há mais de 50 anos, para um público específico, reduzido em relação a hoje, com veículos menos velozes, com carga inferior e com menor quantidade de veículos com cargas pesadas. Desde então, não se tem uma grande obra no Anel Rodoviário, que não acompanhou o crescimento do município e das cidades vizinhas.
A maior preocupação diz respeito aos veículos pesados, principalmente na descida do Betânia?
Nossa maior preocupação é a diminuição do número de acidentes no Anel Rodoviário. Nossa fiscalização, é com o intuito de sensibilizar o motorista, a todo momento, mostrando que a educação no trânsito depende dos órgãos fiscalizadores, mas muito mais dos condutores. Há um declive de mais de seis quilômetros, entre o Olhos D’água e o Betânia, que já foi palco de várias tragédias. É uma preocupação, mas não é a maior preocupação. Lá, muitas vezes passamos mais de um mês sem registros de acidentes.
Quais são os principais pontos de acidente?
Onde ocorre estreitamento de pista e maior retenção.
Que trechos o senhor considera mais críticos no Anel?
As estatísticas apontam que, do bairro Dom Cabral até o São Gabriel, os índices de acidentes são maiores. Esse trecho tem o maior volume de veículos. São mais de 160 mil por dia. Lá, ocorre não apenas acidente de trânsito, mas pessoas que atravessam na pista, mesmo próximo às passarelas.
Quantos radares operam atualmente? É suficiente?
Temos 29 radares, sendo 19 de responsabilidade do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e dez da concessionária Via 040. O radar é sempre bem-vindo, pois ajuda na fiscalização e faz com que o condutor diminua a velocidade. Da concessionária ainda temos dez aparelhos que estão instalados, mas inoperantes. Seria um ótimo apoio à fiscalização.
Em meio à crise financeira, foram feitos cortes nos orçamentos públicos. Isso teve algum impacto no patrulhamento do Anel Rodoviário?
Não. O trabalho segue sendo feito mesmo com todas as dificuldades. Temos militares motivados e bem treinados, com viaturas realizando, a todo momento, os atendimentos.
O senhor está no Anel Rodoviário há três anos. O que mudou com relação às estatísticas de acidentes nesse período?
Elas apontam para uma diminuição. Isso é fruto principalmente da fiscalização que é realizada, sempre com o objetivo de realizar o melhor atendimento ao cidadão.
Ainda tem muito motorista que dirige depois de beber?
Sim. Incessantemente o Batalhão realiza operações de Lei Seca, com objetivo de inibir e coibir motoristas que ingerem bebidas alcoólicas e substâncias análogas. Percebe-se muito motorista que, às vezes, por passar em um trecho curto, faz uso de bebida e acha que nada vai acontecer. No último fim de semana, realizamos uma blitz e tivemos cinco pessoas embriagadas em quatro horas de operação.
Quantas blitz são feitas por semana, ou por mês, no Anel?
Não tem um número certo de operações, principalmente porque é uma rodovia muito dinâmica. Quando a viatura não está empenhada atendendo um acidente, militares estão em locais estratégicos, que necessitam de maior fiscalização, com o intuito de prevenir e sensibilizar o condutor.
Quais são as infrações mais comuns na rodovia?
A falta do cinto segurança, não somente do condutor, mas também dos passageiros. Também temos muitos motoristas dirigindo e falando ao celular, ou tentando mandar uma mensagem. Aquela fração de milésimos de segundo em que ele olha para baixo para mandar a mensagem pode ser fatal.
Recentemente, a gente teve um acidente na BR-356 uma carreta com risco de explosão. As rodovias em Minas Gerais estão aptas para receber essas cargas perigosas?
É do conhecimento de todos que o condutor que vai realizar o transporte dessas cargas perigosas necessito de um curso. Mesmo com esses motoristas obtendo essas orientações, os acidentes com cargas perigosas estão acontecendo por falha humana. O motorista, principalmente não respeitando o limite de velocidade e o tempo de descanso, muitas vezes venha dar aquele cochilo. A roda do veículo pode cair numa canaleta, e ele perder o controle.