(Eric Abreu/SEE-MG/DIVULGAÇÃO)
As vagas para os cursos técnicos ofertados pelas escolas estaduais de Minas Gerais cresceram cerca de 150% de 2016 para 2017, passando de 16 mil para 44,3 mil alunos matriculados até o mês passado. Para alcançar o volume de estudantes, os investimentos sofreram um acréscimo no período: de R$ 4,5 milhões para R$ 26 milhões, um aumento de cerca de 480%.
A previsão é abrir mais 50 mil novas vagas no próximo ano, de acordo com o governo. Neste semestre, já são 42.891 matrículas nos cursos técnicos ofertados pela Rede Estadual de Educação Profissional (Rede), do governo de Minas, e outros 1.409 pelo Mediotec–Pronatec, programa do Ministério da Educação.
Atualmente são oferecidos 28 cursos, em diversas modalidades que preparam o jovem e o adulto para novas oportunidades que surgem com o desenvolvimento da economia.
As capacitações são gratuitas e direcionadas para estudantes do ensino médio da rede pública ou pessoas que concluíram a educação secundária nessas instituições. A duração dos cursos é de um ano e meio, dividido em três módulos.
Inclusão
O aumento da oferta de formação técnica foi demandado pelos próprios alunos e vai ao encontro da política de investimentos na educação profissional empreendida pelo governo de Minas Gerais, com a ampliação da inclusão socioprodutiva, qualificação, melhoria da renda da população e geração de oportunidades para a juventude.
O número de matrículas nos cursos técnicos oferecidos nas escolas estaduais é considerado inédito em Minas, inclusive com a previsão de triplicar a oferta nessa modalidade de ensino até 2024. A iniciativa dialoga diretamente com o Plano Nacional de Educação (PNE).
Rede própria
A superintendente de Desenvolvimento do Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Cecília Resende, explica que, na gestão passada, a maior parte das vagas de cursos técnicos não era ofertada pela rede estadual de ensino, mas em instituições privadas para as quais o governo repassava recursos para o atendimento da educação profissional.
“Hoje, temos outra realidade, com o fortalecimento da nossa rede, com estrutura própria, com cursos ofertados em mais de 200 escolas estaduais, criando assim uma vocação de educação profissional nessas unidades. Esse é um momento muito importante para a educação profissional, sobretudo quando se discute políticas de reforma do ensino médio, atendendo os desejos e anseios das juventudes em nosso Estado para se capacitarem melhor para o mercado de trabalho”, destaca Cecília.
A Rede Estadual de Educação Profissional (Rede) foi instituída pelo governo do Estado, por meio da SEE, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos técnicos em todos os 17 Territórios do Estado, de acordo com a vocação de cada região. Dessa forma, contribui para a profissionalização dos jovens com vistas à participação como cidadão no mundo do trabalho e atendendo às demandas das comunidades e dos arranjos produtivos locais.
Laboratório de ponta para aulas práticas em saúde
Situada em uma região de alta vulnerabilidade social de Belo Horizonte, a Escola Estadual Bolivar Tinoco Mineiro, no bairro Ribeiro de Abreu, na zona Norte, recebeu em 2016 equipamentos de ponta para montar o laboratório das aulas práticas dos cursos da área de saúde. Lá, são cinco turmas de técnico em enfermagem e duas de técnico de agente comunitário de saúde. Diretora da escola, Cleusa Linhares diz que a procura pelas capacitações é grande.
“A comunidade é muito carente e os cursos profissionalizantes trazem muitos benefícios. Um curso técnico na área de saúde é muito caro, e os bairros mais vulneráveis da cidade precisam oferecer esses incentivos à população. É possível trabalhar para que percebam que eles têm condições de adquirir mais conhecimento e obter um bom emprego”.
Oportunidade
Para a estudante Iara de Almeida Machado, do segundo período de técnico em enfermagem, a escola está bem estruturada, os professores são qualificados e há suporte para a formação profissional. “Sempre tive vontade de fazer um curso de saúde. O curso proporciona, gratuitamente, a oportunidade de desenvolver a minha aptidão na área”, comenta.
Douglas Timóteo, também aluno da capacitação, aprova a iniciativa. “Para quem não tem condições financeiras, essa é uma oportunidade única e reconheço a importância deste curso para a comunidade. Precisamos muito de mais cursos como estes, para que outras pessoas também tenham a oportunidade de aprender e se qualificar profissionalmente”, avalia.
Intagração
Desde agosto, as 44 escolas do ensino médio em Minas que ofertam educação integral também oferecem capacitações técnicas aos alunos. A área de aplicação dos cursos foi escolhida a partir de uma consulta a mais de 9 mil estudantes de turmas do 1º ano dessas unidades. Gabriel Salomão, aluno da Escola Estadual Professor Hilton Rocha, região Norte da capital, cursa técnico em marketing. “Fiz um curso de dois meses de marketing em outra instituição e agora tenho a oportunidade de participar de uma capacitação de educação profissional na minha escola. Estou gostando bastante, além de sair daqui com um certificado e mais preparado para o mercado de trabalho”, comemora.
O currículo do ensino médio em tempo integral tem por base a ampliação da jornada escolar e a formação dos estudantes tanto nos aspectos cognitivos quanto nos socioemocionais, dentre elas a oferta de cursos profissionais. “Um dos temas mais debatidos pelas juventudes no Estado é o mundo do trabalho. Desta forma, a educação profissional é um itinerário formativo fundamental para o desenvolvimento dos jovens no novo ensino médio que se discute”, avalia a superintendente de Desenvolvimento do Ensino Médio da SEE, Cecília Resende.
Segundo ela, é possível se estabelecer a oferta de educação integral tendo como ponto de partida a escolha dos estudantes por um curso técnico profissionalizante. “Esperamos crescer e avançar ainda mais nessa modalidade em todo o Estado”, garante.