Obras de menos e lixo demais: toneladas de entulho potencializam enchentes em BH

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
16/01/2020 às 20:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:19
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

A ausência de obras importantes somada à falta de educação da população potencializa os riscos de enchentes em Belo Horizonte. De outubro até a última quarta-feira, cerca de 1.200 toneladas de lixo a mais foram recolhidas na capital após as intensas chuvas. São resíduos diversos, até mesmo sofás e colchões, que entopem as bocas de lobo e contribuem para as inundações.Lucas PratesSLU criou força-tarefa para os trabalhos no período chuvoso; nesta quinta, trabalhadores retiravam entulhos e restos de asfaltos destruídos pelas cheias 

Só nesta quinta-feira (16), um dia após a cidade ser atingida por tempestades, nas nove regionais, 80 toneladas de materiais foram retiradas além do que geralmente é recolhido por dia pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Uma força-tarefa foi montada para realizar os trabalhos.

O cenário de perigo só faz crescer o medo dos moradores afetados pela água em excesso. “É só chover que eu não durmo. Já perdi as contas de quantas vezes tive a casa alagada”, lamenta a cabeleireira Rosilene da Silva, de 30 anos.

Previsão pessimista

A mulher, o marido e dois filhos vivem às margens da avenida Teresa Cristina, no bairro Betânia, na zona Oeste da metrópole, um dos mais afetados durante o temporal da última quarta-feira. “Estou contabilizando os prejuízos. O salão, o comércio e minha residência foram invadidos pela água. E a previsão é de mais chuva e, infelizmente, de mais estragos”.

Quem também fica temeroso nesta época é o aposentado Francisco Londres Pires, de 80. “Vivo aqui há 65 anos e, desde que abriram a avenida (Teresa Cristina), há 20, vejo esse local ser alagado”, recordou.

Vigilantes

Os moradores, de fato, devem manter a vigilância. A previsão é, desta sexta-feira (17) a domingo, chover quase um terço da precipitação esperada para todo o mês em BH, destaca o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Isso significa aproximadamente 100 milímetros (mm), sendo que a média histórica para os trinta dias é de 329 mm”, explicou o meteorologista Cleber de Souza.

Quatro regiões do município já atingiram a média. São elas: Noroeste, Pampulha, Oeste e Centro-Sul.

Para evitar os transtornos, a SLU garantiu estar em estado de atenção para fazer a limpeza tanto antes quanto depois dos temporais. “O trabalho é essencial para manter a capacidade da drenagem da cidade e mitigar os impactos das chuvas. São aproximadamente 64 mil bocas de lobo espalhadas pelas nove regionais”, informou o órgão em nota.

Sobre as obras para conter as cheias, a Prefeitura de BH disse que são 15 em andamento.

Confira algumas das obras para amenizar os problemas causados pelas cheias na capital:

  • Avenida Cristiano Machado (próximo à Estação São Gabriel): primeira etapa das intervenções no ribeirão do Onça iniciadas em janeiro de 2019
  • Avenida Bernardo Vasconcelos: licitação para a implantação de canal paralelo no córrego Cachoeirinha previsto para este ano
  • Avenida Cristiano Machado (próximo à Estação Primeiro de Maio): licitação da obra do sistema de macrodrenagem prevista para o segundo semestre de 2020
  • Barreiro: Três trechos do córrego Bonsucesso estão em obras, assim como há intervenções referentes aos córregos Olaria e Jatobá
  • Venda Nova: obras de tratamento de fundo de vale e controle de cheias nos afluentes dos córregos do Nado foram iniciadas em maio de 2019.
  • Nesta semana, a PBH abriu inscrição para empresas interessadas na ampliação da capacidade de armazenamento dos córregos Vilarinho e Nado e ribeirão Isidoro
  • Avenida Tereza Cristina: bacia de detenção do bairro das Indústrias será implantada no primeiro semestre



 

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