Obras para coleta de esgoto na Pampulha serão finalizadas em dezembro; veja como é feita a limpeza

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
29/06/2016 às 08:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:05
 (Editoria de arte)

(Editoria de arte)

Novela que se arrasta há anos em Belo Horizonte, a despoluição da Lagoa da Pampulha ficou várias vezes apenas na promessa. Em uma delas, chegou a ser anunciada com pompa como um dos principais legados da Copa do Mundo de 2014. Passados dois anos sem a conclusão dos trabalhos, que demandam a sintonia de uma série de fatores, novos compromissos foram assumidos.

O espelho d’água estará apto para atividades náuticas em novembro deste ano, informou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O próprio prefeito Marcio Lacerda garantiu que pretende velejar no local em 2017. Iniciado em março, o serviço de limpeza atingiu parte da meta estipulada para classificar a represa como “Classe 3” – apta para recreação, dentre outras atividades.

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Na lagoa existem cinco componentes responsáveis pela poluição. Passados quatro meses de trabalho foram observados níveis aceitáveis em três desses componentes (veja detalhes na arte). Após a coleta de amostras, em abril e maio, foram percebidas melhorias no chamado DBO (indicador de presença de matéria orgânica), coliformes termotolerantes (indicador de presença de microrganismos patogênicos) e clorofila-a.

Segundo o gerente de águas urbanas da Secretaria Municipal de Obras, Ricardo Aroeira, a limpeza é feita basicamente com a aplicação de dois produtos químicos. Um deles tem a função de degradar o excesso de matéria orgânica e reduzir a presença de coliformes fecais. O outro é capaz de promover a redução do fósforo e controlar a floração de algas. O investimento é de cerca de R$ 30 milhões e o trabalho tem previsão de durar 22 meses.

Conforme a prefeitura, a ação acabará com os maus odores e a mortandade de peixes. “Os resultados são visualmente perceptíveis. Vários dos parâmetros de indicadores de desempenho estão inferiores ao que exige a “Classe 3”. O resultado nesses primeiros meses são altamente positivos e a perspectiva é favorável para que tenhamos um bom desfecho”, disse Ricardo Aroeira.



Com o desempenho previsto, praticar iatismo, remo ou vela torna-se uma possibilidade que já desperta a atenção inclusive do prefeito Marcio Lacerda.

"Há avanços para torná-la ‘Classe 3’. Daremos a ela um aspecto muito mais bonito, sem os odores desagradáveis, podendo ser usada para esportes náuticos. Eu pretendo já no próximo ano praticar esportes náuticos”, disse Lacerda, que ainda completou: “quem sabe num dia de bom vento pegar o meu veleirinho e dar uma velejada”.

O serviço de limpeza da Lagoa da Pampulha integra as ações da administração pública para que o complexo arquitetônico obtenha o título de patrimônio cultural da humanidade.

O resultado será apresentado pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco) no próximo dia 15.



Cerca de 500 mil pessoas vivem no entorno da bacia da Pampulha nas cidades de BH e Contagem, na região metropolitana. Segundo a Copasa, as obras para implantação de cem quilômetros de redes de inter-ceptação e coleta e construção de nove estações ele-vatórias de esgoto já estão 96% concluídas. Os quatro quilômetros restantes serão finalizados em dezembro deste ano.

Porém, mesmo assim, terminada essa etapa, milhares de pessoas – incluídas nos 4% ainda sem a ligação de esgoto – estarão contribuindo para a poluição do espelho d’água, já que não terão o esgoto tratado. Ricardo Aroeira garantiu que isso não compromete o trabalho de limpeza.

“A lagoa tem uma capacidade de autodepuração. A aplicação dos produtos acelera esse processo. Ainda com o esgoto que chegue na lagoa, a capacidade de recuperação por si, somada a ação desses produtos, faz com que ela tenha o nível de qualidade que a gente deseja. A quantidade de esgoto que ainda chega não será capaz para degradar a água”, diz.

Aroeira, no entanto, reforça a necessidade de ações constantes de limpeza. “Se Belo Horizonte quer uma lagoa em boas qualidade, nós temos que pagar o condomínio para que isso aconteça. Quem mora em apartamento sabe que se não tiver alguém para cuidar da limpeza do prédio, em pouco tempo ele estará imundo. A lagoa é um lago urbano que sempre precisará de investimento”.

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