O metrô de Belo Horizonte está no limite. Nos horários de pico, a superlotação desvirtua um serviço que deveria primar pela agilidade e ainda leva risco aos passageiros. Na segunda-feira (3), duas mulheres se sentiram mal em um vagão, no período da manhã, e foram socorridas por outros usuários.
Com uma estrutura praticamente idêntica a de quando foi inaugurado, em 1986, o sistema não consegue atender à demanda – que bateu recorde na última quara-feira, com 241 mil pessoas transportadas, ante a uma média diária de 215 mil. Passageiros se aglomeram nas plataformas de embarque, esperando até 40 minutos para conseguir entrar no trem.
Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a lotação máxima é de 1.026 pessoas por composição, sendo 262 por vagão. No entanto, o total de pessoas no horário de pico é maior, mas a operadora do metrô não informa, em números, o tamanho da superlotação.
Porém, basta uma viagem no início da manhã ou no fim da tarde para constatar o problema. Passageiros, a maioria trabalhadores, travam uma verdadeira batalha para entrar nos carros. Vence a disputa quem dá mais cotoveladas e empurra mais forte.
Assim, a reportagem do Hoje em Dia se espremeu, segunda-feira (3), junto aos centenas de usuários, e percorreu um dos trechos mais críticos, entre as estações São Gabriel e Central. No trajeto, muitas reclamações e duas mulheres passando mal, uma delas desmaiou e foi socorrida pelas mesmas pessoas que minutos antes se digladiavam.
Inviável
A primeira tentativa de entrar no carro do metrô foi por volta das 6h50, na São Gabriel. Foi impossível. A solução foi pegar o trem no sentido contrário, até a estação 1º de Maio. Em dois minutos, o trem chegou à São Gabriel. Parecia uma avalanche. Quem entrava pressionava aqueles que se encontravam dentro, com um “que” de violência.
Na hora uma, jovem comentou, achando graça, que a bolsa havia ficado para atrás, entre as cinturas de um homem e uma mulher. Sem caber mais ninguém, o trem deixou a estação, que não parava de receber mais passageiros desembarcando dos ônibus que faziam integração.
Nas estações seguintes, Minas Shopping, José Cândido da Silveira e Santa Inês, ninguém entrava e quem precisava descer daquela “lata de sardinha” tinha muita dificuldade. Na estação Horto, uma jovem encostada em uma das portas começou a se abanar. Aos poucos, os olhos lacrimejaram. As pessoas ao lado perguntam o que havia e ela respondeu que a pressão baixou. Uma pessoa cedeu o lugar. Não fazia calor, mas a superlotação deixava o ar rarefeito.
Duas estações depois, em Santa Efigênia, alguém gritou: “A mulher caiu”. Era outra passageira, que não suportou e desmaiou. Ela foi carregada e colocada em um assento até, aos poucos, recobrar os sentidos.
*Com Gabi Santos
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