Oito homens são presos suspeitos de matar oito pessoas em Betim

Hoje em Dia
05/08/2014 às 21:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:40
 (Polícia Civil/Divulgação)

(Polícia Civil/Divulgação)

Oito homens suspeitos de participar do assassinato de oito pessoas em Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte, foram apresentados nesta terça-feira (5) pelo Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) da Polícia Civil. Ao todo, são cinco inquéritos, entre eles estão o do homicídio de uma criança de três anos atingida por tiros por engano e o caso de Izabelle Caroline de Oliveira, que pode ter sido morta pelo ex-namorado da amiga. O delegado Álvaro Homero, da 8ª Delegacia de Homicídios de Betim, foi um dos responsáveis pelas investigações dos casos.   Por motivo fútil   Felipe Júnior Marques, de 20 anos, é acusado de ter matado Izabelle Caroline de Oliveira, em 21 de junho deste ano. Segundo o delegado Álvaro Homero, ao chegar no serviço, Izabelle foi informada de que não era o seu dia de trabalhar. A confusão do dia de trabalho foi uma triste coincidência, já que, por voltar mais cedo para casa, ela acabou encontrando com um assassino pelo caminho.   De acordo com o delegado, Izabelle voltava a pé para casa quando teria encontrado com Marques, próximo a uma linha de trem do bairro Cachoeira. Marques era o ex-namorado de uma amiga de Izabelle. As duas moravam juntas e tinham o hábito de sair à noite, coisa que não era aprovada por Marques, já que ele queria a reconciliação. “Um dia antes do crime, a amiga de Izabelle pediu para a sogra cuidar do filho que ela tinha junto com Marques, pois queria sair à noite. Mas a sogra devolveu o menino porque ele estava chorando muito. Então, naquele dia, as duas não saíram juntas”, explicou Homero.    Marques, porém, teria achado que a sua ex-namorada tinha saído na noite anterior e, ao encontrar com Izabelle na rua, teria tirado satisfações. “Marques questionou Izabelle e ela negou que as duas tinham saído, mas ele não acreditou. Antes de dar o tiro fatal, o autor do crime deu tiros no chão em tom de ameaça. Izabelle manteve a palavra de que não havia saído com a amiga. Marques ficou nervoso e deu um tiro na cabeça dela”, disse o delegado.   Segundo Homero, somente quando a Polícia Civil descobriu que uma testemunha presenciou o crime conseguiu chegar até o suspeito. Além da prova testemunhal, há outros três indícios que pesam contra Marques. Um deles é que o local onde ocorreu o homicídio era frequentado pelo suspeito. “Há cerca de um ano, uma pessoa morreu há 10 metros do local em que Izabelle foi morta e Marques estava entre as pessoas que testemunharam esse assassinato. Outro indício é a casualidade, pois ninguém sabia que Izabelle estaria ali naquela hora, ou seja, não foi um crime premeditado. Por fim, o álibi de Marques foi desmentido”, disse o delegado. Marques informou à polícia que, na noite anterior ao assassinato, fez um churrasco, que teria se estendido até a manhã do dia 21 de junho. “Mas provamos que o churrasco não aconteceu”.   Por tráfico de drogas   No dia 26 de fevereiro deste ano, Douglas Junio Longuinho, de 27 anos, foi assassinato com 17 tiros, no bairro Parque das Indústrias. Os autores do crime seriam Isac Plínio Cardoso, de 18 anos, e Raphael Henrique Lopes Pereira, de 22 anos. As investigações apontam que, no dia do crime, Longuinho estava na porta de sua casa, quando Raphael e Isac teriam chegado de carro no local. “Raphael ficou no carro dando cobertura, enquanto Isac desceu e efetuou 17 disparos com uma pistola calibre 9 milímetros. Ao todo, foram 33 orifícios encontrados no corpo, sendo 17 de entrada e 16 de saída”, informou Homero.    O delegado contou que Longuinho era usuário de drogas e traficava para manter o vício. “Isac queria que Longuinho passasse a vender drogas pra ele. Como Longuinho não aceitou a oferta, Isac achou que ele estava trabalhando para outra pessoa e então o matou”, afirmou Homero.    Isac foi preso nesse domingo (3) e Raphael encontra-se foragido. Isac foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e com o agravante de ter dificultado a defesa da vítima.    Latrocínio   Cristiano Pinto de Resende, de 65 anos, foi morto com uma facada no último 17 de abril. O crime aconteceu dentro da unidade rural da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). De acordo com Homero, Cristiano era vigilante da Apae e conhecia o suspeito Rodrigo Ferreira de Sousa, de 18 anos.    Rodrigo teria invadido a Apae com o objetivo de furtar objetos valiosos da instituição, mas Cristiano percebeu o ocorrido e os dois teriam começado uma briga corporal. “Em determinado momento, Cristiano tentou fugir, mas Rodrigo o alcançou e deu uma facada nele pelas costas”, contou o delegado.    Segundo Homero, Rodrigo chegou a levar computadores da Apae, mas acabou deixando-os nas proximidades da instituição. “Há testemunhas do caso, que são pessoas que ajudaram Rodrigo naquele dia. Ele estava sujo de sangue e disse a essas pessoas que tinha sido vítima de um criminoso”.   Além das testemunhas, outro indício encontrado pela polícia foi o boné de Rodrigo, achado no local do crime. O suspeito não tinha passagens pela polícia e foi indiciado por latrocínio.    Por engano   Keslei Gabriel Cardoso da Silva, de 3 anos, foi a vítima fatal de um engano de dois homens apontados como traficantes de drogas. Segundo a Polícia Civil, no dia 24 de março deste ano, a mãe de Keslei foi visitar uma amiga, que é a esposa de Vanderlei Fonseca de Sá, de 20 anos. Na volta para casa, o carro onde estava Keslei, a sua mãe, o seu padrasto, a sua irmã de 7 anos e a esposa de Vanderlei parou de funcionar. Os três adultos desceram e começaram a empurrar o carro, na expectativa que o veículo voltasse a funcionar.    “Nesta hora, o Vanderlei estava em plena uma guerra entre gangues de tráfico e, quando passou pelo carro, viu apenas o padrasto da criança. Pensando ser mais um inimigo, ele disparou contra o homem, mas as duas crianças foram atingidas. Keslei morreu com um tiro no peito e a sua irmã levou um tiro no rosto e sobreviveu”, afirmou o delegado.   Vanderlei estava dentro de um carro junto com Eduardo Pereira de Souza Gustavo, de 20 anos, que também teria feito disparos. A dupla foi indiciada por homicídio qualificado, com o agravante de ter dificultado a defesa da vítima.   Um inquérito e quatro homicídios   No dia 1º de outubro de 2012, Júnior Dias Carvalho teria ido cobrar uma dívida de drogas a Ronan Rodrigues Pereira, no bairro Jardim Alterosa. “Como Ronan alegou que não tinha dinheiro para pagar a droga, Júnior teria matado-o na frente de três pessoas”, afirmou Homero. Segundo o delegado, após o crime, Júnior teria jurado as testemunhas de morte. Júnior responderá pelo crime de homicídio duplamente qualificado pela morte de Ronan.    A primeira testemunha a ser morta foi Wederson Teixeira de Souza, no dia 28 de novembro de 2012. “Wederson estava indo para casa quando Júnior e mais dois comparsas chegaram de carro. Um deles desceu e atirou contra a vítima”. Os disparos foram feitos por Werley Nunes Dias, de 29 anos, irmão de Júnior. O outro acusado de envolvimento no caso é Franklin Eurípedes Lelis Rodrigues, de 22 anos. Júnior, Werley e Franklin foram indiciados por homicídio triplamente qualificado pelo assassinato de Wederson.   Rafl Lopes foi a segunda testemunha assassinada. De acordo com o delegado, no dia 1º de fevereiro de 2013, Júnior chegou a um bar, onde Ralf estava bebendo e atirou 14 vezes contra ele. Júnior responderá pelo crime de homicídio triplamente qualificado pela morte de Ralf.    A última testemunha do homicídio de Ronan a ser executada foi  Gustavo de Oliveira Costa. “No dia 4 de fevereiro do ano passado, Júnior, Werley, Franklin e Fábio Pereira da Silva foram até a casa de Gustado. Júnior e Werley entraram na residência e matou Gustavo na frente da família dele. Franklin e Fábio fizeram a cobertura do assassinato no carro”, disse Homero. Júnior, Werley, Fábio e Franklin foram indiciados por homicídio triplamente qualificado pelo assassinato de Wederson.

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