Operação Carcinoma prende três pessoas em Ipatinga e Governador Valadares

Da Redação
horizontes@hojeemdia.com.br
17/08/2016 às 16:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:25

Uma operação que investiga  um esquema criminoso instalado na Associação de Assistência às Pessoas com Câncer (Aapec) iniciou uma nova fase nessa terça-feira (16). No final da tarde, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), formado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pelas Polícias Civil e Militar, cumpriu mais três mandados de prisão nos municípios de Ipatinga e Governador Valadares, no leste de Minas.

A operação teve início no dia 9 de agosto com oito pessoas presas e 22 mandados de busca e apreensão cumpridos. foram apreendidos mais de R$ 38 mil, cinco carros de luxo, duas motos esportivas e outros veículos comuns. A investigação apura os crimes de prática de apropriação indébita, estelionato, associação criminosa, organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, crime contra a economia popular e delitos tributários, sob a modalidade de obtenção de ganhos ilícitos em detrimento do povo. estima-se que o rombo supere a marca de R$ 1 milhão.

Segundo os promotores de Justiça do Gaeco Ipatinga, Francisco Ângelo Silva Assis e Bruno Schiavo Cruz, a rede criminosa atuava em mais de cem municípios mineiros e envolvia mais de 17 empresas. A associação, criada em 2003, teria fugido, desde o princípio, de seus objetivos estatutários.

"Os representados usavam o associativismo e a finalidade de assistência a doentes acometidos de câncer e com vulnerabilidade econômica para captação de recursos públicos e privados, que eram revertidos em favor de empresas dos administradores, com assistência de um advogado, que fornecia a suposta blindagem jurídica para a prática dos crimes", explicam os promotores.

Segundo o que foi apurado até o momento, a associação usava seus quatro polos no estado para recolher doações captadas por empresas de telemarketing e motoqueiros, além de convênios com municípios. O dinheiro chegava em espécie de diversas cidades e antes que fosse contabilizado era desviado pelos envolvidos para pagamento de despesas pessoais, viagens, alimentação, festas, cartão de crédito entre outros gastos. A cobertura do caixa era feita com notas frias de combustível.

"O que se vê na criação da Aapec, desde seu início, foi a perpetuação de poder, com estabelecimento de cargo vitalício para presidente, criando uma fonte eterna de renda para uma família que, no proveito da desgraça alheia, viu a oportunidade para se manter na riqueza", afirmam os promotores de Justiça.

Depoimentos colhidos demonstram que o grupo era ligado por parentesco sanguíneo e por afinidade, de modo a manter a organização em funcionamento, com laços de comprometimento e silêncio.

A fim de resgatar o objetivo assistencial da associação, um administrador judicial foi nomeado, em Ipatinga, nesta terça-feira. Ele ficará responsável por aplicar devidamente o montante de dinheiro bloqueado e apreendido durante a operação.

"Vamos analisar, junto a ele, de que forma o MPMG poderá contribuir nesse processo e traçar os próximos passos. Fatos como esse acabam gerando um descrédito grande para muitas outras entidades que fazem um serviço assistencial de verdade. Por isso, é importante que elas ajam sempre com o máximo de transparência, para continuarem a receber doações", orientou Francisco Ângelo.

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