Paintball - guerra de mentirinha com vigilância real

Renato Fonseca - Hoje em Dia
08/12/2013 às 08:32.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:38
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

No campo de batalha, pneus velhos, carcaças de carros, caixotes de madeira e pequenos montes de areia e terra. Em cena, homens e mulheres cobertos por uma parafernália para a própria segurança tentam se esconder entre as barreiras e eliminar os adversários. A “guerra” faz parte de um jogo que virou febre no início dos anos 90 e que ganha, agora, novo impulso no território mineiro.   Em 2013, dobrou o número de participantes do paintball, esporte que simula um combate por meio de armas carregadas de tinta. São cerca de 800 jogadores em atividade, segundo levantamento da Federação de Paintball do Estado de Minas Gerais (FPEMG).    A popularização do esporte chamou atenção para o jogo e fez aumentar o controle do hobby. A vigilância é sobre as “armas” usadas no paintball.    Marcador próprio   Os adeptos têm feito cada vez mais questão de adquirir, e não de alugar, os próprios fuzis, submetralhadoras e pistolas, chamados nessa brincadeira de marcadores.    O equipamento utiliza gás sob pressão para disparar bolas gelatinosas recheadas de tinta colorida (atóxica e biodegradável). Mas ainda há muita desinformação sobre a documentação necessária e o correto transporte dos lançadores de bolinhas.   O marcador é um produto controlado pelo Exército, conforme determina decreto publicado pelo Ministério da Justiça. O equipamento é considerado “arma de pressão e de uso restrito” por ter calibre maior que 6mm. Não é preciso registrar o lançador, mas o transporte dele só pode ser feito com autorização expedida pelas Forças Armadas.   “Temos feito uma grande mobilização junto aos nossos associados e jogadores regulares para que todos que tenham o próprio marcador procurem o Exército e regularizem o porte”, afirma o presidente da FPEMG, Scarlaiene Douglas, de 36 anos. Segundo ele, a federação tem se reunido regularmente com o órgão militar, que se mostrou apto a receber qualquer pessoa.    Segurança   Atuando no ramo há dois anos e meio, o proprietário do Tropa Serrana Paintball, Eustáquio Caldeira, confirma o boom da modalidade esportiva nos últimos anos. Segundo ele, o jogo tem sido remodelado.    “Hoje, a preocupação com a segurança é levada muito a sério. Isso não é uma guerra e muito menos uma forma de estimular a violência. Pelo contrário, é um esporte saudável, cheio de adrenalina. É uma forma de se divertir e de desestressar”.   O perfil dos jogadores é variado, indo de crianças e adolescentes a adultos e idosos. Não existe determinação com relação à idade dos participantes, mas o bom senso prevalece. “Menores de 12 anos, só com a presença dos pais”, garante o dono do campo que fica no condomínio Vila Del Rey, em Nova Lima, na Grande BH.   Lá, duas horas de jogo no espaço de 940 metros quadrados custam R$ 40 por pessoa e dão direito a 200 bolinhas de tinta. Macacão e luvas precisam ser alugados à parte (R$ 5 e R$ 2, respectivamente). É preciso agendar horário.   Em BH, certificado no Barro Preto   Para obter a autorização de porte do marcador de paintball, o jogador precisa comparecer a uma Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército.   Em Belo Horizonte, o setor fica no Comando da 4ª Região Militar, na rua Juiz de Fora, 990, no Barro Preto.  É preciso levar documentos pessoais e uma certidão negativa de antecedentes criminais.    O site da Federação Mineira de Paintball (www.fpemg.com.br) traz outras informações.   Três réplicas apreendidas a cada 24 horas    Sem o compartimento de plástico onde ficam as munições e o tubo de gás que dá pressão para a bolinha ser atirada, o marcador de paintball é facilmente confundido com uma arma de fogo comum. Nesse caso, o lançador é classificado como “réplica ou simulacro”.    Só de janeiro a novembro deste ano, 1.251 simulacros foram apreendidos pela polícia mineira – média de três ocorrências por dia. A conta, no entanto, também leva em consideração o recolhimento de armas de brinquedos.   Segundo o major Gilmar Santos, chefe da assessoria de imprensa da Polícia Militar, militares estão orientados a seguir a determinação expedida pelo Exército.   “Quem for pego portando o marcador sem a autorização obrigatória terá a arma apreendida, será preso e conduzido a uma delegacia”.   Ainda conforme o major, mesmo com a autorização, é necessário transportar o equipamento de forma segura.    “O que está previsto em lei é a discrição. Essa arma de pressão deve estar dentro do porta-malas do carro ou no interior de mochilas ou estojos próprios. E, claro, descarregada, sem munição”.   Entenda a portaria   Há duas definições para os marcadores utilizados no jogo de paintball, conforme portaria publicada pelo Exército: Réplica ou simulacro: objeto que visualmente “é” confundido com arma de fogo, mas que não tem aptidão para a realização de tiro.    Arma de pressão: “pode” ser confundida com arma de fogo e seu funcionamento implica o emprego de gases comprimidos para impulsão do projétil.   Por não ser considerado arma de fogo, esse equipamento não precisa ser registrado, mas o porte requer uma autorização especial.

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