Pais de menino de 3 anos suspeitam que abusos tenham começado há cerca de 5 meses no Colégio Magnum

José Vitor Camilo
07/10/2019 às 08:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:06
 (José Vitor Camilo)

(José Vitor Camilo)

O clima era de apreensão no início da manhã desta segunda-feira (7), primeiro dia de aula após o anúncio de uma investigação sobre o possível estupro cometido contra um garotinho de 3 anos, no colégio Magnum do bairro Cidade Nova, na região Nordeste de Belo Horizonte. Assustados, pais de alunos cobram que a escola tome outras medidas além do afastamento do suspeito, um auxiliar de educação física. Segundo uma das mães, que conhece a família da vítima, a suspeita é de que os abusos estariam acontecendo desde abril deste ano. 

"Ela (mãe da vítima) acredita que isso estaria acontecendo há cerca de cinco meses, desde abril. Mas isso é apenas suposição, só a investigação pode esclarecer tudo", afirma a química Débora Ferreira, 43, que tem dois filhos na escola. 

Ela conta que o filho mais novo entrou na instituição de ensino em agosto. "Quando ela contou, eu fiquei desesperada, querendo saber se meu filho estava nesse grupo. É uma tristeza muito grande o que aconteceu, a mãe está arrasada, não come, não dorme. A gente espera que a escola tome providências", completa Débora. 

O suspeito de cometer abuso contra aluno do Colégio Magnum trabalhava há pelo menos 2 anos na escola  Na manhã desta segunda, o Magnum agendou uma reunião para dar mais esclarecimentos aos pais dos alunos da mesma sala da vítima. Um grupo, formado principalmente por mães, entrou na escola pouco antes das 8h. 

A dentista Amanda Leite, 40, participa da reunião. "Eu conheço a mãe, ela está arrasada, querendo cobrar da escola. O suspeito já foi afastado, mas não é só isso que a gente quer. Queremos que ele seja julgado, até mesmo para não trabalhar em outra escola", pondera. 

O caso é investigado desde a semana passada pela Polícia Civil. Segundo boletim de ocorrência, de 28 de setembro, a mãe foi até uma delegacia para denunciar que o filho teria sido violentado por um ajudante de professor do tradicional colégio particular da capital. 

No depoimento, a mulher alegou “que seu filho ficava tentando beijar sua boca, atitude não comum entre mãe e filho” e que, ao questionar o comportamento, ele respondeu que teria aprendido isso com o suspeito.

Ainda de acordo com a mãe, o aluno "foi forçado a tocar no pênis do autor e que o autor tocou no pênis da vítima”. De acordo com a Polícia Militar, a mãe voltou a questionar a criança, que, por sua vez, fez gestos indicando que teria feito sexo oral com o rapaz. À frente do caso está a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad). 

A escola 

Nesta manhã, até o momento nenhum funcionário da instituição de ensino conversou com a imprensa, porém, no fim de semana uma nota foi divulgada. 

No texto, o colégio disse que "a direção da escola ouviu os relatos dos pais sobre a mudança de comportamento do filho e sobre a conduta de um colaborador. Imediatamente, foram colocadas à disposição da família as assessorias jurídica e psicológica, e o profissional envolvido foi afastado de suas funções para auxiliar na transparência das apurações".

Em entrevista ao Hoje em Dia, o suspeito afrimou que é inocente e pediu para que as pessoas não façam julgamentos sem provas. De acordo com o estudante de educação física, desde que as denúncias vieram à tona ele deixou de frequentar as aulas na faculdade, teve que apagar as contas nas redes sociais e vem vivendo com medo, já que algumas ameaças foram recebidas. "A minha vida agora está complicada. Chegaram coisas como: 'não saia na rua' e 'você vai pagar por tudo o que fez'. Eu não sabia de casos como esse, mas meus advogados me mostraram o que aconteceu na Escola Base e até de um rapaz que foi assassinado sem ter nada a ver com uma denúncia de abuso. Vendo esses fatos e, por eu estar sendo acusado, fica esse medo, né?", revela.  

Confira a nota do Colégio Magnum na íntegra:

"Nesta sexta-feira, 4 de outubro, a direção da escola ouviu os relatos dos pais sobre a mudança de comportamento do filho e sobre a conduta de um colaborador. 

Imediatamente, foram colocadas à disposição da família as assessorias jurídica e psicológica, e o profissional envolvido foi afastado de suas funções para auxiliar na transparência das apurações.

No domingo, todos os gestores e coordenadores de Ensino e Formação da instituição estarão reunidos para estabelecerem medidas de apoio aos familiares e ao corpo discente, em relação ao caso. Também foi agendada uma reunião com os pais da turma do aluno, que será realizada na segunda-feira, 7 de outubro. A instituição está à disposição dos órgãos competentes e empenhada para que tudo seja esclarecido com urgência e celeridade".

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